Mulher é presa por envenenar 28 gatos em cidade do interior de São Paulo
Aparecida Blesio, 60, teria dado carne envenenada aos animais após reclamar deles aos vizinhos; nenhum animal sobreviveu

Uma mulher de 60 anos, moradora da cidade de São Joaquim da Barra, no interior de São Paulo, foi presa preventivamente devido a fortes indícios de que ela seria a autora do envenenamento de 28 gatos na rua da casa onde vive. De acordo com o pedido da Polícia Civil, Aparecida Donizeti Berigo Blesio foi flagrada por câmeras de segurança e vista por vizinhos dando carne envenenada aos animais, depois de fazer sucessivas reclamações sobre a quantidade de felinos na rua.
Ela passou por audiência de custódia nesta quinta, 9, e a juíza resposável pelo caso, Luísa Lemos Debastiani, da 1ª Vara do Foro de Guará (comarca responsável pela cidade), decidiu manter a mulher atrás das grades durante o curso das investigações. No vídeo que acompanha o pedido da Polícia Civil de prisão preventiva de Aparecida (veja abaixo), é possível vê-la colocando comida, que seria envenenada, na calçada e ela chega a ser confrontada por uma vizinha. A mulher presa é a que usa roupas claras nas imagens.
A cidade de São Joaquim da Barra fica a 380 quilômetros da capital paulista e tem quase 50.000 habitantes. Aparecida teria se mudado para o local há cerca de dois meses e, segundo o que consta no inquérito, teria solicitado a um vizinho que “soltasse um cachorro” para atacar os gatos da vizinhança.
“No dia dos fatos, foi registrado que a investigada se aproveitou do momento de alimentação dos felinos para lançar pedaços de carne envenenada. Os gatos ingeriram o alimento e, logo após, apresentaram sintomas típicos de intoxicação por veneno, como espuma na boca, convulsões, defecação descontrolada e morte”, diz o pedido de prisão preventiva. A vizinhança e protetores animais chegaram a socorrer alguns gatos, mas nenhum sobreviveu.
Aparecida é investigada pelo crime de maus-tratos a animais. A pena máxima é de cinco anos de reclusão — o que, na lei brasileira, não é suficiente para o regime fechado. No entanto, no caso dela, podem ser aplicados agravantes que aumentem uma eventual condenação e a coloquem atrás das grades, por conta da morte dos gatos e pela quantidade de vezes em que o ato se repetiu.
O advogado de defesa de Aparecida, Vinicius Magalhães, disse à reportagem que apresentou um habeas corpus ao Tribunal de Justiça de São Paulo para reverter a prisão da suspeita, que não tem antecedentes criminais. De acordo com ele, a decisão que a colocou atrás das grades foi motivada por “clamor popular”.
“A decisão preventiva teve como base tão somente a gravidade abstrata do delito e o clamor popular. Em que pese o fato ter causado grande repercussão, tal situação não é justificativa legal para decretação da prisão. Importante destacar que neste momento vigora a presunção de inocência. Os requisitos da prisão não foram preenchidos, conforme determina a legislação penal. A defesa protocolou, nesta manhã, habeas corpus no Tribunal de São Paulo”, disse Magalhães em nota enviada a VEJA.