MP denuncia pastor que prometia reconstruir seios e fazer nascer dentes

O Ministério Público de Dourados (MS) denunciou pelo crime de estelionato o pastor evangélico David Tonelli Mainarte por prometer curas milagrosas a fieis, ao custo de uma compensação financeira. Ele dizia nas redes sociais ter poderes sobrenaturais que, de acordo com a denúncia apresentada, poderiam “fazer dentes nascerem, seios serem reconstruídos, fazer paralíticos voltarem a andar e cegos voltarem a ver”.

O caso chegou ao conhecimento das autoridades porque uma mulher, que mora em Dourados, resolveu denunciá-lo. Ela disse, quando registrou o boletim de ocorrência, que conheceu o pastor através de um grupo de Facebook. Ela possui uma cicatriz na perna e pagou ao religioso pouco mais de 1.680 reais para que ele fosse de São Paulo até a sua cidade fazer as sessões do tratamento.

Segundo a Promotoria, Mainarte teria dito à mulher que esse valor era para custear as despesas dele com viagem, alimentação e hospedagem. Como ela não teve o resultado prometido, cobrou o religioso, que parou de responder suas mensagens. Sentindo que foi enganada, ela o denunciou à polícia em maio de 2016.

Mainarte mora em Bebedouro, cidade do interior de São Paulo. Ele foi interrogado pela polícia apenas em agosto de 2024. Na ocasião, ele disse que a cura da cicatriz na perna não deu certo porque a vítima não teria comparecido ao terceiro e último dia de orações, requisito para que o milagre desse certo.

O crime de estelionato tem pena de até cinco anos, mas o caso de Mainarte pode ter alguns agravantes, como o fato de ele usar o argumento religioso. A Promotoria também pediu que ele seja condenado a ressarcir a vítima pelo valor que ela desembolsou. Nas redes sociais, há vídeos de mais de dez anos que mostram o religioso em cultos, rodeado de pessoas, praticando as curas pelas quais ficou conhecido.

Em um deles (veja acima) ele diz ter reconstruído o seio de uma fiel. Em outro (veja abaixo), ele diz que fez o dente de uma mulher nascer.

A denúncia foi apresentada à Justiça na quarta-feira passada, 22. Mainarte será citado por carta precatória para apresentar defesa e indicar testemunhas. Ele ainda não tem advogado no processo. Como o pastor não tem antecedentes criminais, o Ministério Público ainda pode oferecer algum acordo de não-persecução penal para ele.

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