‘Moro pode ajudar na articulação da terceira via’, diz Luciano Bivar
Presidente do União Brasil pretende se colocar como pré-candidato junto a partidos de centro, enquanto ex-ministro mantém agenda de presidenciável

Com o ex-ministro da Justiça Sergio Moro fora da disputa pela Presidência da República após a sua filiação ao União Brasil, o presidente do partido, deputado Luciano Bivar (PE), pretende ser o nome da sigla a ser colocado na mesa de negociações com MDB e PSDB, onde se definirá um candidato único a ser anunciado no dia 18 de maio. Aliados do pernambucano dizem, no entanto, que o objetivo dele é mesmo a vaga de vice na chapa da terceira via.
Enquanto Bivar articula junto aos aliados do “centro democrático”, no entanto, Moro mantém agenda de candidato, com viagens, agendas e conteúdos divulgados nas redes sociais. Para o presidente do União, que assinou nota sepultando os planos nacionais de Moro e limitando suas pretensões ao estado de São Paulo, as movimentações do correligionário podem ser úteis às articulações do centro. Na última semana, o ex-ministro se encontrou com o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite (PSDB) e a senadora Simone Tebet (MDB-MS), dois dos nomes colocados na terceira via.
“O projeto definido entre nós, uma tendência conversada com Moro, é de São Paulo. Mas Moro pode nos ajudar no processo de articulação da terceira via, do centro democrático. Somos a única via”, disse Bivar a VEJA.
Entre políticos próximos ao cacique, a avaliação é a de que Sergio Moro já entrou no partido ciente de que não teria mais espaço algum na corrida ao Planalto. Na visão de um interlocutor frequente do presidente da sigla, não faz sentido cogitar Moro como presidenciável depois dele ter trocado o Podemos, onde tinha legenda garantida, pelo União Brasil, e mudado o domicílio eleitoral a São Paulo.
Caso dispute a Câmara dos Deputados pelo estado, o União espera conseguir eleger deputados com os votos do ex-ministro da Justiça, que entraria na briga com Eduardo Bolsonaro (PL) e Guilherme Boulos (PSOL) pelo posto de deputado mais votado pelos paulistas.
Na ala ligada ao ex-prefeito de Salvador ACM Neto, secretário-geral do União Brasil que liderou a resistência interna a Moro na disputa nacional, políticos dizem que o ex-ministro só conseguiria ressuscitar a candidatura presidencial com um improvável e repentino crescimento nas pesquisas de intenção de voto. A essa altura, uma tarefa impossível, diante de institutos de pesquisa que começam a retirar seu nome das sondagens eleitorais – no levantamento Ipespe divulgado na quarta, 6, o ex-ministro já não foi considerado.