Moraes manda PF identificar políticos com foro que estimularam atos no DF
Ministro do STF se alinhou à PGR no sentido de que agentes com foro privilegiado que insuflaram terroristas devem ser investigados junto de Ibaneis e Torres

Ao determinar a abertura de um inquérito para apurar as condutas do governador afastado do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), e do ex-secretário de Segurança Pública distrital e ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, em relação aos atos golpistas do último domingo, 8, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), também deu prazo para que a Polícia Federal identifique políticos com foro privilegiado no STF que eventualmente tenham instigado a ação dos terroristas. Os investigadores têm dez dias para apresentar um relatório parcial com provas já coletadas, que identifique “agentes com foro por prerrogativa de função que, em tese, podem ter concorrido para os delitos em apuração”.
Em sua decisão, Moraes se alinhou ao entendimento da Procuradoria-Geral da República (PGR), segundo a qual políticos com foro privilegiado no STF que tenham estimulado e incentivado os atos teriam participação nos mesmos crimes atribuídos a Ibaneis e Torres. Também foram incluídos no inquérito que vai investigar omissão dolosa no combate aos atentados o ex-secretário de Segurança interino Fernando de Sousa Oliveira e o ex-comandante da PM do Distrito Federal Fábio Augusto Vieira.
Reportagem publicada na edição de VEJA desta sexta-feira, 13, mostra como o discurso irresponsável de políticos bolsonaristas contra o STF, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o resultado das eleições fomentou o ambiente de radicalização que culminou nos atos terroristas do último domingo. Há situações ainda mais acintosas, em que deputados federais eleitos e diplomados exaltaram e estimularam os ataques por meio das redes sociais. São os casos de André Fernandes (PL-CE), Silvia Waiãpi (PL-AP) e Clarissa Tércio (PP-PE), todos já investigados em um inquérito aberto pela PGR nesta semana.