Ministro de país que virou referência para a direita será estrela na CPAC
Chefe da segurança pública em El Salvador, Gustavo Villatoro Nunes será um dos palestrantes em evento organizado pelo bolsonarismo em Santa Catarina
No fim de semana, um evento conservador e de direita vai reunir Jair Bolsonaro, parlamentares e apoiadores do ex-presidente em Balneário Camboriú, em Santa Catarina, além do presidente da Argentina, Javier Milei. A Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC, na sigla em inglês) também vai trazer representantes de governos considerados referência para a extrema-direita mundial. Um dos mais representativos é o ministro da Justiça e Segurança Pública de El Salvador, Gustavo Villatoro Nunes, um dos palestrantes confirmados.
El Salvador já foi apontado como um dos países mais violentos do mundo, mas passou por muitas mudanças nos últimos anos, após a eleição do presidente Nayib Bukele. Ele chegou ao poder em 2019, se tornando o mais jovem a comandar o país, e foi reeleito neste ano. Controverso, o líder salvadorenho se descreve como “o ditador mais legal do mundo” e liderou uma guerra contra as gangues. Os resultados dessa ofensiva contra a criminalidade o tornaram ainda mais popular.
O ministro Villatoro foi anunciado nas redes sociais do CPAC como “a maior referência em segurança pública da América Latina”, com um vídeo do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). O parlamentar afirmou que a política de segurança de El Salvador é “um case de sucesso” e citou como exemplos a inauguração de um mega-presídio, o combate ao tráfico de drogas e e uma “lei sobre tatuagens de criminosos”.
Representantes da direita
Além do ministro de El Salvador e de Milei, também participam do evento o líder do Partido Republicano do Chile, José Antonio Kast, aliado de Bolsonaro e crítico de Lula assim como o presidente argentino. Os deputados Nikolas Ferreira, Caroline de Toni, Ricardo Salles, Gustavo Gayer e o senador Magno Malta — todos do PL — estão entre os palestrantes. O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello, e o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, também falarão no evento.
A situação de El Salvador
Nayib Bukele fez uma manobra considerada antidemocrática para buscar o segundo mandato no país, demitindo o procurador-geral e substituindo todos os membros da Suprema Corte, que lhe permitiram disputar. A Constituição do país não permite a reeleição.
Apesar disso, tem grande índice de aprovação e foi reeleito com mais de 80% dos votos. Sua popularidade é atribuída, principalmente, à política de segurança pública. Em 2022, Bukele declarou regime de exceção no país, que dura até hoje. Com isso, o país reduziu significativamente os índices de homicídios.
El Salvador tem hoje a maior taxa de encarceramento global, com pelo menos 2% da população do país presa. De março de 2022 a setembro de 2023, mais de 70 mil foram presos no país. Por outro lado, as medidas para conter a criminalidade geraram denúncias de violações de direitos humanos, inclusive na Organização das Nações Unidas (ONU). Há relatos de tortura, mortes e superlotação nas prisões, além da ausência de processos legais, prorrogando o tempo de detenção.