Mesmo com salvo-conduto de Toffoli, Tacla vê obstáculo para vir ao Brasil
Advogado aponta ao ministro que ainda é alvo de restrições na Justiça espanhola que o impedem de viajar para depor à Câmara

Depois de conseguir do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), um salvo-conduto que garante sua vinda da Espanha ao Brasil para prestar depoimento na Câmara dos Deputados na próxima semana, o advogado Rodrigo Tacla Duran ainda tem um obstáculo para que possa, enfim, embarcar.
Em petição apresentada a Toffoli na última quinta-feira, 8, Tacla Duran aponta ao ministro que ainda é alvo de restrições cautelares por parte da Justiça espanhola, como o impedimento de que ele saia do território do país europeu e a retenção de seus passaportes espanhol e brasileiro. As medidas integram parte de uma ação que foi enviada da Operação Lava-Jato para a Espanha e segue tramitando por lá, embora já tenha sido suspensa no Brasil pelo STF.
Acusado pela Lava-Jato de operar contas com dinheiro ilícito da Odebrecht no exterior, o advogado diz a Dias Toffoli que, em razão dessas medidas, já foi impedido de sair da Espanha em abril, quando teria uma audiência na 13ª Vara Federal de Curitiba, então comandada pelo juiz federal Eduardo Appio, agora afastado.
Tacla Duran pede ao ministro que determine ao Ministério da Justiça a adoção de medidas previstas em um ato de cooperação internacional, por meio de uma carta rogatória, para que o processo seja também suspenso na Espanha e as restrições contra ele sejam retiradas. Assim, ele conseguirá comparecer ao Congresso.
Fala à Câmara sobre acusações contra a Lava-Jato
Como mostrou VEJA em 20 de maio, Rodrigo Tacla Duran será ouvido pela Comissão de Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados a respeito de suas acusações de que foi vítima de extorsão na Operação Lava-Jato. O colegiado definiu que a oitiva de Tacla Duran, como convidado, será no dia 19 de junho, às 14h30.
O advogado diz ter sido alvo de uma extorsão na Lava-Jato por parte de um advogado próximo do ex-juiz federal Sergio Moro, hoje senador pelo União Brasil do Paraná, e da deputada Rosângela Moro (União Brasil-SP). A suposta extorsão, ainda conforme Duran, teria tido anuência do ex-coordenador da força-tarefa da Lava-Jato no Paraná, Deltan Dallagnol, que teve o mandato de deputado federal cassado.