Marqueteiro de Boulos já recebeu quase R$ 7 milhões por campanha em SP
Com receita de 81 milhões de reais, deputado do PSOL tem candidatura mais cara do país em 2024
A campanha de Guilherme Boulos (PSOL) à prefeitura de São Paulo pagou 6,93 milhões de reais, até o momento, pelos serviços de marketing político do publicitário Luiz Flávio Guimarães Marques, conhecido como Lula Guimarães. A quantia foi paga integralmente em contratos com a Janela Comunicação, agência de propriedade do marqueteiro.
A pequena fortuna torna Guimarães o segundo marqueteiro que mais recebeu nestas eleições atendendo a um único candidato. A liderança do ranking é de Marcelo Faulhaber, sócio-fundador da Crio 3 Comunicação, que levou quase 12 milhões de reais assessorando Eduardo Paes (PSD) no Rio de Janeiro.
No entanto, ao passo que o prefeito carioca foi reeleito com ampla maioria ainda no primeiro turno, Boulos está atrás do atual prefeito paulistano, Ricardo Nunes (MDB), mesmo capitaneando a campanha eleitoral mais cara do país. Ao todo, o parlamentar recebeu 80 milhões de reais do PSOL e do PT e mais 1 milhão em doações de apoiadores, mas ainda aparece com ampla desvantagem na disputa contra o emedebista.
Marketing, anúncios e campanha de rua: onde Boulos investe os milhões
Segundo levantamento de VEJA com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o contrato com Lula Guimarães representa a segunda maior fatia do orçamento de Boulos. A maior beneficiária da campanha do psolista é a gigante tecnológica Meta, que faturou mais de 8,2 milhões de reais até agora com impulsionamento de conteúdos do candidato no Facebook e no Instagram.
Entre anúncios nas redes sociais, serviços de marketing e comunicação, impressão de materiais e produção de peças para rádio e TV, foram mais de 55 milhões de reais gastos pela candidatura somente no primeiro turno. Por margem estreitíssima, Boulos quase não avançou para a segunda fase da campanha, terminando com apenas 57 mil votos a mais do que o coach Pablo Marçal (PRTB).
Chama a atenção, ainda, o polpudo investimento do candidato em “atividades de militância e mobilização”, ou seja, colaboradores contratados para distribuir panfletos e adesivos, levantar bandeiras e conquistar o eleitorado nas ruas. Segundo a prestação parcial de contas, a campanha de Boulos pagou 7,1 milhões a mais de 2.800 pessoas com esta finalidade.
Gastos do PT equivalem a todos os repasses da coligação de Nunes
O detalhamento das receitas indica que a campanha de Boulos recebeu 36 milhões de reais do fundo eleitoral do PSOL e mais de 44 milhões do PT, partido de Marta Suplicy, ex-prefeita de São Paulo e companheira de chapa do parlamentar.
Para comparação, a candidatura de Nunes — que tem Ricardo Mello Araújo (PL) como vice — soma 44,7 milhões em repasses de todos os partidos que compõem a coligação, incluindo PSD, PP, Solidariedade e PRD. Somando recursos partidários e doações, o prefeito tem 48,8 milhões em caixa para bancar a reeleição.
Na disputa pelo segundo mandato consecutivo, a campanha do emedebista já desembolsou em torno de 40 milhões de reais, sendo 6,5 milhões pagos ao marqueteiro Duda Lima através de contratos com a FARO Propaganda e Publicidade e com a Quilômetro 20 Integração e Estratégia Criativa. Outro fornecedor que lucrou com a campanha de Nunes foi a produtora audiovisual M Studio, que levou 5 milhões de reais — outro 1,7 milhão, aproximadamente, foi investido em impulsionamento de anúncios no Facebook e no Instagram.