Lula ataca Marina na questão do petróleo, diz ex-ministro do Meio Ambiente
Carlos Minc, titular da pasta no segundo governo do petista, diz que a ministra é alvo de boicote do Congresso e do próprio governo
O deputado estadual Carlos Minc (PSB-RJ), que foi ministro do Meio Ambiente no segundo mandato de Lula, afirma que o presidente ataca Marina Silva, atual titular da pasta, ao defender a exploração de petróleo na Margem Equatorial, que inclui um lote próximo à foz do rio Amazonas. Ele avalia que houve avanços importantes na área ambiental, mas diz que a ministra é alvo de boicote do Congresso Nacional, do agronegócio e até dentro do governo.
“Querem empurrar goela abaixo a questão do petróleo lá em cima, na Margem Equatorial, na foz do Amazonas”, diz. “Lula fala que ‘nós somos o futuro, nós somos sustentáveis, nos ajudem’, mas ataca a Marina na questão do petróleo. Ele não defende a Marina do ministro de Minas de Energia (Alexandre Silveira, que é a favor da exploração) e do agro como deveria porque ele não está tão forte quanto estava no meu tempo. Tem que abaixar a cabeça”, afirmou.
Minc integrou o grupo que discutia políticas para o meio ambiente durante a transição e participou da elaboração de um diagnóstico sobre a gestão de Jair Bolsonaro na área e de sugestões de medidas para a retomada da política ambiental. Também foi um entusiasta da indicação de Marina para o comando do Ministério do Meio Ambiente.
Pressão
O pedido da Petrobras para explorar petróleo na bacia da foz do Amazonas está sob análise do Ibama. Marina Silva já se posicionou contra a concessão da licença — mas ressaltou que a decisão será técnica, pelo Ibama –, enquanto o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, e o próprio Lula já se posicionaram a favor.
“A Marina recompôs as políticas ambientais, reduziu o desmatamento da Amazônia, retomou a questão climática internamente e a nível internacional. Então, o meio ambiente voltou. Marina é um símbolo nacional, internacional e acho que está fazendo o que pode, apesar de ter gente dentro do governo boicotando ela. Ela é minoritária dentro do governo, fica difícil avançar”, afirma Minc.
Como mostrou reportagem de VEJA desta semana, os incêndios no Pantanal, a alta do desmatamento no Cerrado e a greve dos servidores do Ibama pressionam Lula justamente na área que deveria ser a grande vitrine de sua gestão. Outro ponto que gera desgaste para o governo é o comportamento dúbio adotado em relação à transição energética. Leia a matéria completa aqui.