Lula afaga o agro, libera 7,6 bilhões e diz que Bolsonaro foi ‘retrocesso’
Em evento na Bahia, presidente defendeu a ação do governo: 'Se não é o Estado colocar dinheiro, muitas vezes o agronegócio não estaria do tamanho que está'
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou nesta terça-feira, 6, a liberação de 3,6 bilhões de reais para o Plano Safra e de 4 bilhões de reais em linha de financiamento dolarizada para investimentos em crédito rural. O anúncio foi feito ao lado do ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, durante a abertura da Bahia Farm Show, um evento do agronegócio na cidade de Luís Eduardo Magalhães, no extremo oeste da Bahia.
O afago ao setor — ainda um dos mais refratários ao petista — vem um dia após o lançamento do plano de enfrentamento ao desmatamento na Amazônia pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
Em sua fala, Lula ainda criticou a condução de políticas de crédito ao agro do ex-presidente Jair Bolsonaro e se comprometeu a “ajudar” o segmento. “Tenho noção do retrocesso que esse país sofreu nos últimos anos. Quem é do agronegócio sabe quanto foi o Plano Safra ano passado. Talvez o pior Plano Safra de toda a história do agronegócio. No tempo em que o PT governava, vocês compravam essas máquinas pagando 2% de juros ano ano. Hoje vocês estão pagando 18%, 19%”, disse Lula ao lado do governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), e dos ministros Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), Renan Filho (Transportes) e Luciana Santos (Ciência e Tecnologia).
“É obrigação do Estado criar condições e ajudar. Dizer ‘não preciso’ do governo é mentira. Todo mundo precisa do governo. Se não é o Estado colocar dinheiro, muitas vezes o agronegócio não estaria do tamanho que está. Para financiar máquinas, financiar safra, pra garantir as exportações”, declarou.
O presidente ainda criticou a “disseminação de mentiras” no país e, em alusão a Bolsonaro, afirmou que o ex-presidente e seus aliados não reconhecem o resultado eleitoral. “O Brasil está com uma confusão política que a gente não conhecia. Normalmente, você disputava uma eleição, tinha um resultado eleitoral, você ia para casa chorar a sua derrota, e esperar outra eleição (…). Só que as pessoas que perdem para nós não se conformam. Não querem aceitar o resultado das eleições”, disse. “E agora temos um ódio disseminado, baseado numa quantidade de mentira que eu não conhecia. Uma máquina de contar mentira”, afirmou.
Também em menção ao cenário político atual, o ministro Carlos Fávaro afirmou que “a eleição acabou” e defendeu a convergência do setor para o aumento da produtividade e as ações do governo Lula para a melhoria do ambiente de negócios. “Agora é hora de trabalhar, de fazer o Brasil andar para a frente (…), os preços estão achatados, é questão de mercado. Não estão nos momentos melhores, como estiveram nos últimos sete anos, mas tudo é passageiro”, afirmou. “O governo tem feito o principal, que é andar mundo afora, mostrar o tanto que produzimos com sustentabilidade. Não vão colocar a pecha nos produtores brasileiros de que são criminosos que destroem o meio ambiente. Não é essa é a realidade”, afirmou, assinalando ainda que “os poucos” que cometem crime ambiental tiram a competitividade dos produtores legítimos.
Investimento
De acordo com o Ministério da Agricultura, os recursos anunciados serão disponibilizados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O financiamento terá taxa de juros fixas de até 8,06% ao ano mais a variação do dólar e prazo de 120 meses, com até 24 de carência.
Ao todo, neste primeiro semestre, o BNDES disponibiliza cerca de 11 bilhões de reais para o setor agropecuário. Já o Banco do Brasil, em maio de 2023, registrou o maior investimento de toda a sua história no setor, totalizando aproximadamente 15 bilhões de reais.
(Com Agência Brasil)