Jean Wyllys destoa do PSOL e chama Nicolás Maduro de ditador
Deputado federal repudiou o apoio de seu partido à Assembleia Constituinte que o governo venezuelano elegeu no domingo
O deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) repudiou o apoio que seu partido expressou ao governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro. Em comunicado veiculado no Facebook, Wyllys chamou Maduro de “ditador” e criticou políticos de esquerda que se posicionaram a favor da votação da Assembleia Constituinte do último domingo.
“Maduro é um ditador e nós, da esquerda, não podemos ser cúmplices de um ditador ou ficar calados diante da censura à imprensa, a perseguição contra os opositores, os presos políticos, os torturados, os assassinados”, postou Wyllys.
Quinze pessoas morreram durante a votação da Constituinte, o que elevou para 125 o número de mortos em quatro meses de protestos pela saída de Maduro. A oposição, que boicotou o pleito, disse que a participação foi de apenas 12%. Já o governo venezuelano afirmou que o processo contou com mais de oito milhões de votantes (41,5% dos eleitores).
“Não há justificativa para que a esquerda se cale diante dessa desumanidade. E estou falando, inclusive, do meu próprio partido, o PSOL, que muitas vezes (com a minha oposição pública, porque eu não me calei) apoiou Maduro. Qualquer nota oficial do PSOL defendendo Maduro não me representa (nunca me representou e eu já esclareci isso muitas vezes ao longo dos últimos anos) e a repudio absolutamente. O partido deve fazer uma autocrítica clara, profunda e sincera”, publicou Wyllys.
O deputado também criticou setores que fazem oposição a Maduro. “Denunciar as violações aos direitos humanos cometidas pela ditadura de Maduro, como eu faço, não me cega para, nem me faz negligenciar as violências insufladas e praticadas por setores da oposição a seu governo”, disse Wyllys, que defendeu eleições livres para os venezuelanos escolherem o projeto de país que melhor representar os interesses da população.
Na segunda-feira, o PSOL publicou em seu site uma nota prestando “toda solidariedade à Revolução Bolivariana”. O partido declarou “que numa situação de confronto, a neutralidade significa apoio tácito ao lado mais forte. Por isso, manifestamos apoio ao processo constituinte proposto pelo governo Maduro e ao aprofundamento das transformações sociais naquele país”.
Assim como o PSOL, o PT manifestou apoio à Constituinte de Maduro. No último encontro do Foro de São Paulo, realizado em julho, na Nicarágua, a presidente do partido, senadora Gleisi Hoffmann (PR), disse que torcia por “uma consolidação cada vez maior da revolução bolivariana”.