Fátima Bezerra: ‘Auxílio Brasil não teve o efeito que Bolsonaro esperava’
Governadora do PT foi reeleita no Rio Grande do Norte com 58% dos votos válidos e agora se dedica à campanha para ampliar a votação de Lula no Nordeste
Reeleita governadora no Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT) agora pretende dedicar parte de seu tempo à coordenação da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no estado. A petista venceu Fábio Dantas (Solidariedade) com 58,31% dos votos no primeiro turno.
Em entrevista a VEJA, a governadora afirmou que já esperava que a disputa pela Presidência da República fosse decidida no segundo turno e que agora é necessário trabalhar para diminuir o índice de abstenção, além de ampliar as alianças do candidato no Nordeste. Ela diz ainda que o Auxílio Brasil concedido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) não influenciou a votação do presidente na região.
Vencer a eleição para o governo no primeiro turno foi uma surpresa? A maioria da população do Rio Grande do Norte apoiou a nossa gestão, considerando que eu peguei o estado no momento mais difícil, na maior crise fiscal e orçamentária de sua história, o estado estava em um buraco. Um caos na segurança pública e colapso na saúde. Mesmo em meio a uma pandemia de efeitos devastadores e um presidente negacionista, nós conseguimos investir no SUS e salvar vidas. A população reconheceu o esforço que a gente fez. Eu já estava trabalhando com a hipótese de vencer no primeiro turno. Isso me deixa muito emocionada.
De que forma a senhora pretende participar da campanha de Lula no segundo turno? A coordenação de campanha do Lula aqui no estado agora ficará sob minha responsabilidade. Já convoquei os partidos políticos que integram a federação e estamos fazendo uma frente mais ampla. Além dos partidos da federação, nós temos o MDB, partido do vice-governador eleito, o PDT, liderado pelo ex-prefeito Carlos Eduardo, o PROS, o Avante e o Cidadania. Agora temos que colocar o bloco na rua para não só manter o percentual de votos que Lula teve aqui no estado (63% dos votos válidos), mas ampliar. Precisamos retomar a esperança e a perspectiva concreta de Lula sair vitorioso no segundo turno. É um páreo duríssimo. Eu, particularmente, sempre achei que essa campanha seria decidida no segundo turno, mas duvido que Lula irá perder essas eleições.
Há preocupação com uma abstenção maior no segundo turno? Vamos trabalhar para diminuir essa abstenção, estamos conversando sobre isso. Mas o Lula é muito forte no Nordeste, começa pela sua origem, sua trajetória. O legado de inclusão social que ele deixou no Nordeste é muito forte, o voto é consolidado. Agora cada estado está se dedicando com todo o afinco para que esse capital político eleitoral seja preservado e a gente possa ampliar. b
Apesar de Lula ter maioria em todos os estados do Nordeste, a votação de Bolsonaro aumentou na região. Ele conseguiu 1,3 milhão de votos a mais que em 2018. A que a senhora atribui esse crescimento? Acha que o Auxílio Brasil teve influência? Eu acho que não. O Auxílio Brasil não teve o efeito que o Bolsonaro esperava. A princípio ele não queria dar auxílio nenhum, foi pressionado pelo Congresso e pelos próprios governadores. Agora voltou o benefício às vésperas da eleição. A população vê muito caráter eleitoreiro nesse Auxílio Brasil, sem nenhuma garantia que ele vá continuar no ano que vem.