Extinção do GSI ‘não tem cabimento’, diz general favorito ao cargo
Principal cotado para assumir a pasta após demissão de GDias, Marcos Amaro dos Santos confirma a VEJA conversa com Lula, mas diz que martelo não foi batido

Principal cotado no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assumir o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República após a demissão do general Marco Edson Gonçalves Dias, o general da reserva Marcos Antonio Amaro dos Santos confirmou a VEJA nesta quinta-feira, 27, que foi sondado por Lula para assumir o cargo em uma conversa no Palácio do Planalto na última semana, mas afirma que o presidente “ainda não bateu o martelo” sobre o assunto. Os dois devem voltar a conversar após a volta do petista de sua viagem à Europa – ele retornou da passagem por Portugal e Espanha nesta quarta, 26. Na conversa com a reportagem de VEJA, o militar, que comandou o órgão no governo Dilma Rousseff, também disse não ver cabimento em uma eventual extinção do GSI e ponderou que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), hoje deslocada à Casa Civil, facilita a atuação do GSI quando funciona dentro da pasta. Desde a demissão de GDias, como o ex-ministro é conhecido, o ministério é comandado interinamente por Ricardo Cappelli, braço direito do ministro da Justiça, Flávio Dino.
O senhor foi convidado a assumir o GSI? Ocorreu um breve encontro meu com o presidente na quinta-feira (20). Eu estava retornando de São Paulo e fui direto do aeroporto ao Palácio do Planalto. Foi um encontro muito breve, ele estava de saída para a viagem à Europa. Houve uma rápida conversa, ele me expôs a situação, o que tinha havido, a questão das imagens, aquelas coisas todas do Palácio do Planalto, e me consultou sobre a possibilidade, mas não bateu o martelo. Não tenho conhecimento exato da agenda dele, mas ficou de tomar uma decisão ao retornar dessa viagem. Ele ficou de me chamar novamente para conversar, para eu dar uma pensada no assunto, talvez até para eu me inteirar de alguma coisa, mas não bateu o martelo não.
O presidente antecipou alguma intenção de mudar a estrutura atual do GSI, comandado interinamente por um civil? Ele disse que tomaria uma decisão inclusive sobre a situação do GSI, se continuaria como está, modificação de estrutura, algo assim. Mas não bateu o martelo, reforço. Ficou de me chamar novamente quando tivesse oportunidade de tomar uma decisão.
O senhor tratou com o presidente sobre a Abin e uma possível volta da agência ao GSI? Não, a gente não entrou nesses detalhes. Não solicitei, não indiquei nenhuma posição e ele também não me perguntou nada sobre o que eu penso a respeito disso.
Mas qual a sua opinião sobre o assunto? Eu trabalhei em três oportunidades diferentes no Palácio do Planalto e dentro do GSI. Conheço bem aquela estrutura, as modificações que ocorreram, desde a Casa Militar, quando em 1999 se transformou no GSI. A Abin nasceu dentro da Casa Militar, transformada em GSI quando se criou o Ministério da Defesa. Algumas competências do GSI recebem melhor resposta se contarem com a Abin dentro do GSI, por exemplo: prevenir e executar gerenciamento de crise. Essa prevenção de crise tem que ter um órgão de inteligência trabalhando no sentido de se antecipar às crises. A própria segurança presidencial também depende do apoio da Abin.
O senhor pediria a volta da Abin ao GSI? Isso não significa que eu pleitearia a Abin, isso é uma decisão do presidente, eu poderia colocar esses argumentos, mas não pleitear em relação a outro ministério.
Como o senhor avalia uma eventual extinção do GSI, defendida por alas do governo e do PT? O GSI e a Casa Civil não são, exatamente, ministérios. São “órgãos essenciais da Presidência da República”, assim que eram chamados. Não tem muito cabimento pensar em extinguir um órgão que até há pouco tempo era chamado de “órgão essencial”, que permite o funcionamento da Presidência e o desempenho funcional, institucional e constitucional do próprio presidente da República.