‘Esforço inútil’, diz Renan sobre MDB insistir com Simone Tebet candidata
Depois de o Datafolha mostrar um encolhimento da senadora de 2% para 1% dos votos, senador alagoano vê candidatura própria emedebista como “temeridade”

Um dos maiores opositores à candidatura própria do MDB à Presidência nas eleições de outubro, com a senadora Simone Tebet (MS), o senador Renan Calheiros (MDB-AL) segue ampliando o leque de avaliações negativas sobre o que significaria manter a parlamentar como presidenciável. Depois de dizer ao programa Amarelas On Air, em maio, que se trata de uma “insanidade”, Renan afirmou a VEJA nesta sexta, 24, que é um “esforço inútil” do partido e uma “temeridade” manter uma candidata com 1% dos votos, como mostrou o Datafolha divulgado nesta quinta, 23. No levantamento anterior, em maio, Simone Tebet aparecia com 2%.
“O esforço do MDB com a candidatura da Simone é inútil, diante de uma eleição polarizada. Nós já vimos isso no passado, com o Meirelles candidato e 1% dos votos, nós tivemos a redução das nossas bancadas na Câmara e no Senado à metade. A homologação de Simone significa repetição do prejuízo”, diz Renan, reafirmando o argumento evocado por ele em conversas com a cúpula emedebista. Ele já tratou disso com o ex-presidente Michel Temer, mas não viu o assunto andar. “O MDB se isola do mundo e fica um negócio muito ruim”, reclama.
Para o emedebista alagoano, que ainda tem mais quatro anos de mandato no Senado, não há qualquer restrição pessoal à senadora sul-matogrossense entre os que advogam contra sua candidatura. O problema, repete, é a falta de votos. “A competitividade é insubstituível, em qualquer eleição. Ou você tem, ou não tem. Sem ela, você minimiza os palanques regionais e prejudica o desempenho global do partido. De modo que eu acho insano essa candidatura, é evidente, apesar das qualidades da senadora, que poderia tranquilamente se reeleger no Mato Grosso do Sul”, avalia.
Embora a cúpula do MDB, com o presidente Baleia Rossi (SP) à frente, garanta que há maioria na convenção partidária para homologar a candidatura presidencial da senadora, Renan Calheiros vê um cenário “difícil” para ela se concretizar sem respaldo nas pesquisas. Ele ressalta que o partido está fracionado entre bolsonaristas e lulistas, como ele, e cita o desejo destas alas por uma liberação nos estados, que permita “as mais pragmáticas alianças”. Renan lembra o caso da candidatura presidencial do ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho, que tinha mais votos que Simone em 2006, mas não prosperou.
“Se não houver uma mudança na fotografia, fica difícil a homologação dela pelo partido em uma eleição polarizada como essa. Um partido do tamanho do MDB, com projetos regionais, que mais elegeu prefeitos em 2020, é uma temeridade a manutenção de uma candidatura dessa forma. Até para ela eu acho que é muito ruim”, resume.