‘Ela consertou’, diz Lira sobre deputada eleita que exaltou terrorismo
Presidente da Câmara disse a VEJA ter conversado com a bolsonarista pernambucana Clarissa Tércio, que compartilhou vídeo de invasão do Congresso

Depois de a deputada federal eleita Clarissa Tércio (PP-PE) ter publicado em sua conta no Instagram um vídeo que mostrava a invasão do Congresso Nacional por terroristas – inclusive marcando o próprio nome sobre as imagens, em tom de endosso –, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse a VEJA nesta terça-feira que a bolsonarista não estava exaltando os atos que vandalizaram as sedes dos três Poderes da República.
No domingo 8, Clarissa publicou em seus stories um vídeo em que uma das invasoras do Congresso diz: “Acabamos de tomar o poder, estamos dentro do Congresso, todo o povo está aqui em cima, isso vai ficar para a história” e “A casa é nossa, entramos, agora a gente não sai mais”. Ao compartilhar o conteúdo golpista, a deputada eleita ainda inseriu sobre as imagens o endereço de sua conta no Instagram e a de seu marido, o deputado estadual eleito Júnior Tércio (PP-PE).
Depois da repercussão negativa da publicação e do posicionamento do ex-presidente Jair Bolsonaro de condenar a violência dos atos, no entanto, o casal refez a publicação, com uma legenda segundo a qual eles “se alinham” a Bolsonaro por serem “totalmente contra qualquer ato de violência, vandalismo ou de destruição do patrimônio público que venha a ameaçar a nossa democracia”.
Nesta terça, Lira disse a VEJA que falou com a deputada sobre o assunto e negou que ela estivesse exaltando os atos terroristas. “Vieram me dizer que ela estava no Congresso, mas a deputada estava em Pernambuco e repercutiu nas redes alguém que estava em cima da Câmara. Quando viu a ‘bagaceira’, ela consertou nas redes, não tem apoio para esse tipo de ato”, afirmou o presidente da Câmara sobre a correligionária, segunda deputada mais votada em Pernambuco.
Em função da publicação da deputada eleita, Clarissa Tércio foi incluída em uma petição apresentada nesta segunda-feira, 9, pelo PSOL ao ministro do STF Alexandre de Moraes, no âmbito do inquérito dos atos antidemocráticos. Membros do partido pedem ao ministro que a bolsonarista pernambucana, seu marido e outros nove nomes, entre parlamentares e parlamentares eleitos, sejam investigados, tenham as redes sociais suspensas e sigilos telefônico e telemático quebrados por terem incentivado os atos golpistas. O ministro ainda não avaliou o pedido do PSOL.
Clarissa e Júnior Tércio negam que tenham exaltado a invasão do Congresso e atos terroristas na capital no último domingo.