Doria é exaltado como “radical de centro” em jantar do PSDB em Brasília
Em disputa pelas prévias do partido, governador de São Paulo fez viagem relâmpago a Brasília para encontrar bancada tucana - metade não compareceu

O governador de São Paulo, João Doria, fez nesta quarta-feira, dia 11, uma viagem relâmpago a Brasília para se encontrar com a bancada do partido. Organizado pelo ex-ministro Antônio Imbassahy, o jantar contou com a presença de quatorze dos 32 deputados da bancada na Câmara, o que mostra a dificuldade que Doria terá para conquistar a unanimidade no partido até novembro, quando a votação das prévias tucanas serão realizadas.
Mesmo sem o quórum completo, o governador conseguiu obter elogios de nomes de peso do PSDB que já pertenceram a alas internas ligadas a Aécio Neves, Geraldo Alckmin e José Serra. “Foi um encontro de sinalizações”, resumiu um auxiliar de Doria, que até esperava um quórum mais baixo.
Um dos discursos mais emblemáticos foi o do presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, que chegou a comparar de forma exagerada a trajetória de Doria ao do ex-presidente norte-americano Barack Obama.”Veja os acerto de quem Obama escolheu como seu vice. Veja os acertos de Doria nos seus vices”, disse Araújo. Ex-secretário da Casa Civil de Alckmin, de quem ainda é muito próximo, o deputado Samuel Moreira também saiu em defesa do governador, dizendo que ele é o “candidato radical de centro” necessário para “enfrentar essa peleja que vai ser muito dura”.
Em sua explanação, o deputado Carlos Sampaio, que já foi ligadíssimo a Aécio Neves, elogiou o “diálogo internacional” do governo paulista e a coligação que Doria conseguiu formar no estado, enquanto o deputado Domingos Sávio, ex-presidente do diretório de Minas Gerais, declarou abertamente o seu voto no paulista. “Guimarães Rosa já dizia: é preciso ter coragem, e você tem, João”, disse ele.
Além da ausência óbvia de Aécio Neves, considerado hoje o principal inimigo de Doria no partido, também foi percebida a falta do líder da bancada, Rodrigo de Castro. Apesar do discurso em prol da união, o partido está longe de chegar a um consenso. Na última terça, 9, a sigla entregou mais votos a favor do que contra a PEC do voto impresso (14 a 12) encampada pelo presidente Jair Bolsonaro. Por sua vez, o grupo paulista votou em peso contra a proposta bolsonarista.
Na sua vez de falar, Doria focou na narrativa de conciliação, frisando que “não veio para dividir, mas para somar”. “Eu quero ser um parceiro do PSDB, vou lutar pelo meu partido, não vou fazer prévias falando mal de ninguém”, declarou.
O encontro ocorreu no Hotel Royal Tulip no mesmo momento em que a Câmara votava a reforma eleitoral. O cardápio oferecia risoto de salmão e torta de maçã. E a decoração trazia cartazes e broches com a imagem de Doria e a frase: “Para o PSDB voltar a vencer”.