‘Congresso não é adversário nem funcionário’, diz Lira sobre governo Lula
Presidente da Câmara têm criticado articulação política do Palácio do Planalto e voltou a tratar do tema em Nova York, após participar de evento do LIDE

NOVA YORK — Crítico da articulação política do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), voltou a tratar do tema nesta terça-feira, 9, após sua participação no LIDE Brazil Investment Forum, em Nova York.
Lira disse a jornalistas que o problema “não pode ser individualizado” e que as interlocuções entre governo e Congresso têm de ser “descentralizadas”. Ele negou, contudo, que haja algum interesse de líderes partidários por “indicar” um responsável para as tratativas entre Palácio do Planalto e Congresso.
“É importante que o governo todo se mobilize para encontrar um caminho mais atual, um diálogo mais permanente, de saber qual a sintonia entre Congresso e Executivo. Não só da Câmara, mas também o Senado. É importante que o governo pense, repense, enxergue, porque o Congresso não é adversário, mas também não é funcionário. Temos que encontrar essa harmonia de pensamentos, equilíbrio”, declarou o presidente da Câmara.
Diante das dificuldades do Palácio do Planalto no Legislativo, Lula tem dado sinais de que vai assumir maior protagonismo na interface com os parlamentares, a cargo do ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, alvo frequente de críticas de deputados e senadores.
Durante sua participação no fórum organizado pela empresa do ex-governador de São Paulo João Doria, Arthur Lira já havia criticado a busca do governo por rever legislações já aprovadas no Congresso, a exemplo do decreto que alterou o Marco do Saneamento – depois derrubado pela Câmara. Sobre os reveses do governo no Legislativo, o deputado alagoano ressaltou o caráter “conservador e liberal” da maioria dos deputados e senadores.
“Não sou eu ou o presidente Pacheco que vão impor vitórias ou derrotas, é o placar do plenário, a maioria das Casas é conservadora e liberal, tem determinadas pautas que nos separam e que não são interessantes de serem tratadas agora. Temos que focar as energias para o que nos une, tratar do arcabouço fiscal, da reforma tributária. Não podemos voltar a ter despesas maiores do que a arrecadação”, pontuou.