Como uma ação de Zambelli na Paulista fez Bolsonaro priorizar ato no Rio

O ex-presidente Jair Bolsonaro articula com aliados um grande ato na orla da praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, no próximo dia 16 de março. A manifestação também deve ocorrer em outras cidades, mas só no Rio contará com a presença de Bolsonaro.

Segundo o pastor Silas Malafaia, organizador do evento, a escolha pela concentração de políticos aliados ao ex-presidente – como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o deputado mineiro Nikolas Ferreira (PL) e os filhos do ex-presidente Flávio, Eduardo e Carlos, todos do PL – em apenas uma cidade faz parte de uma avaliação com base em dificuldades já encontradas em outras manifestações bolsonaristas que buscaram mostrar força.

O exemplo destacado por Malafaia é a multiplicidade de carros de som na Avenida Paulista durante o ato de 7 de Setembro do ano passado. Em um contexto eleitoral em que Bolsonaro apoiou a recondução de Ricardo Nunes (MDB) à Prefeitura de São Paulo, um dos adversários do emedebista, Pablo Marçal (PRTB) tentou roubar a cena.

Além disso, outro trio elétrico concentrou aliados antigos de Bolsonaro, dos quais o ex-presidente tenta manter certa distância, como a deputada Carla Zambelli (PL-SP), apontada pelo ex-presidente a aliados como uma das grandes culpadas pela derrota de Bolsonaro nas eleições de 2022, e o ex-deputado Deltan Dallagnol (Novo-PR), que teve o mandato cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

“Esse negócio de um monte de trio elétrico é um caos de som. Na última vez, um trio da Zambelli entrou e foi uma perturbação a manifestação do 7 de Setembro”, disse Malafaia a VEJA. “O trio perturbou e perturbou muito. Então, vamos fazer no Rio de Janeiro. Os caras não têm o consenso. Então, para quê? Para ficar cada um com som, não são eles que vão botar multidão na rua. Aí fica aquilo de subir para poder falar e falar bobagem”, acrescentou.

Em 7 de setembro de 2024, o carro de som de Zambelli ficou estacionado na Rua Frei Caneca, a cerca de 300 metros do principal trio elétrico, onde estava Bolsonaro. O ex-presidente chegou a mencionar o trio elétrico concorrente em sua fala. “Se for possível parar esse som, a gente agradece, ou então eu peço para alguém sabotar”, disse Bolsonaro de cima do trio na Avenida Paulista.

De acordo com Malafaia, já havia pedidos de autorização para oito trios elétricos participarem do ato de 16 de março na Avenida Paulista. Conforme o pastor, a decisão de concentrar as ações no Rio teria partido do próprio Bolsonaro, em conversa com Malafaia, diante da possibilidade de descontrole de carros de som na cidade de São Paulo.

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