Como Tasso Jereissati explica a bancada nanica do PSDB eleita ao Congresso
Uma das lideranças mais expressivas do tucanato, senador cearense se despede do Congresso em fevereiro, quando termina seu mandato
Um dos principais caciques do PSDB, o senador Tasso Jereissati (CE) vai se despedir do Senado em fevereiro, quando termina seu mandato. Sem o cearense e o paulista José Serra (PSDB-SP) na Casa, a bancada tucana será reduzida de seis para quatro cadeiras, já que o partido não teve nenhum senador eleito em 2022. Ainda mais preocupante foi o resultado do tucanato nas eleições à Câmara, onde ocuparão apenas treze cadeiras a partir de 2023, menor número da história do partido.
Para Tasso, cuja cadeira será ocupada pelo ex-governador do Ceará Camilo Santana (PT), três fatores explicam a decadência eleitoral do PSDB no Congresso. “O primeiro é a polarização, porque os aliados de um lado e de outro tiveram uma avalanche de votos, depois a desigualdade do fundo eleitoral e, em terceiro, o orçamento secreto, sem menosprezar o fato de que, nessa polarização, o centro, o equilíbrio, não apareceu como relevante”, avaliou o senador a VEJA. O PL, do presidente Jair Bolsonaro, elegeu 99 deputados, enquanto o PT do ex-presidente Lula ficou com 68 cadeiras.
O fiasco do PSDB na disputa por espaço no Legislativo se deu apesar de uma estratégia de privilegiar as eleições ao Parlamento. Dos 166,4 milhões de reais gastos pela sigla com campanhas até a quarta-feira, 5, 75,1 milhões de reais (45,1%) foram destinados a candidatos a deputado federal e 5,7 milhões (3,4%) a postulantes a senador, enquanto nomes que disputavam governos estaduais levaram 31,8 milhões de reais (19,1%). Produto de tanto dinheiro gasto, a bancada nanica do PSDB, pelo perfil dos eleitos, será mais conservadora e distante das origens do partido.
Apesar de incluir uma ala expressiva mais próxima da direita, Tasso Jereissati vê o futuro do tucanato passando por uma volta às origens sociais-democratas. O cearense, que defende uma fusão com o Cidadania e não descarta a união com outros partidos de centro, espera que ganhem protagonismo na sigla nomes como os quatro candidatos tucanos que disputam o segundo turno aos governos de Rio Grande do Norte (Eduardo Leite), Pernambuco (Raquel Lyra), Paraíba (Pedro Cunha Lima) e Mato Grosso do Sul (Eduardo Riedel).
“Olhando o copo meio cheio, vejo quatro lideranças aparecendo com o perfil completamente diferente da velha política. O caminho são esses jovens reassumirem a liderança e a frente do partido e, ao assumirem, levantar as bandeiras socialdemocratas, voltar aos nossos fundamentos”, diz Tasso.