Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês
Imagem Blog

Maquiavel

Por José Benedito da Silva Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Ramiro Brites. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Com David Uip na mira, cloroquina vira arma ideológica do bolsonarismo

Seguidores do presidente usam a droga, cuja eficiência contra o coronavírus é alvo de estudos, para transformar um debate científico em ferramenta política

Por André Siqueira Atualizado em 7 abr 2020, 17h35 - Publicado em 7 abr 2020, 15h36

Desde o início da crise causada pelo novo coronavírus no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro e alguns de seus apoiadores têm colocado em xeque recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do próprio Ministério da Saúde. A divergência de opiniões dentro do governo é, aliás, um dos motivos pelos quais o chefe do Executivo entrou em rota de colisão com o ministro Luiz Henrique Mandetta. Além de sugerir flexibilização das medidas de isolamento social, Bolsonaro, agora, encampa uma cruzada para defender o uso da hidroxicloroquina, que ainda não tem sua efetividade clinicamente comprovada, como forma de combater a epidemia no país.

A insistência do presidente no tema acabou fazendo da cloroquina uma espécie de “droga ideológica”, transformando o que deveria ser um debate científico em uma ferramenta do jogo político travado pelo bolsonarismo nas redes sociais.

ASSINE VEJA

Até quando? As previsões dos cientistas para o fim do isolamento
Até quando? As previsões dos cientistas para o fim do isolamento A imensa ansiedade para a volta à normalidade possível, os dramas das vítimas brasileiras e a postura equivocada de Bolsonaro diante da crise do coronavírus ()
Clique e Assine

No início da manhã desta terça-feira, 7, Bolsonaro divulgou, em seu perfil oficial no Twitter, um trecho da entrevista concedida pelo infectologista David Uip, que coordena o Centro de Contingência de Coronavírus em São Paulo, ao jornalista José Luiz Datena, no programa Brasil Urgente, da Band. O apresentador questiona se o médico, infectado pelo coronavírus – e já curado -, utilizou a hidroxicloroquina em seu tratamento. “Eu segui regiamente o que me foi prescrito e orientado. Cabe ao meus médicos falar sobre terapêutica, eu não vou falar”, disse Uip. Na publicação, Bolsonaro questiona: “O médico David Uip tomou, ou não, hidroxicloroquina para se curar?”

Desde então, David Uip tem sido citado em diversas publicações de aliados do presidente. No início da tarde desta terça-feira, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, afirmou que gostaria que o infectologista “viesse a público informar se utilizou ou não hidroxicloroquina e azitromicina no seu tratamento, durante os estágios iniciais da doença”. “Diante da sua rápida recuperação, fica claro que essa atitude pode contribuir para salvar milhares de vidas”, complementou o ministro.

Continua após a publicidade

Os deputados federais Marcel van Hattem (Novo-RS) e Guilherme Derrite (PP-SP) também endossaram o questionamento de Bolsonaro. “Por que David Uip não respondeu sim ou não à pergunta do Datena?”, disse Van Hattem. “E aí, David Uip? Tomou ou não tomou a cloroquina?”, publicou Derrite.

Um pouco antes, na madrugada desta terça-feira, o deputado estadual Gil Diniz (PSL-SP), conhecido como “Carteiro Reaça”, próximo ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), afirmou, sem apresentar provas, que Uip, assim como o prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando (PSDB), e o cardiologista Roberto Kalil, foram tratados com hidroxicloroquina – apenas o prefeito, em entrevista a VEJA, confirmou ter usado o medicamento.

Além de Diniz, os deputados federais Éder Mauro (PSD-PA) e Carla Zambelli (PSL-SP), dois conhecidos bolsonaristas na Câmara dos Deputados, compartilharam o trecho da entrevista de David Uip a Datena para questionar por quais motivos o infectologista se negou a responder à pergunta. “Se o David Uip tomou hidroxicloroquina para se tratar do coronavírus, qual seria o problema de dizer que tomou?”, escreveu Zambelli.

Continua após a publicidade

Resistência de Mandetta

A aplicação da hidroxicloroquina motivou uma espécie de cabo de guerra entre o ministro Luiz Henrique Mandetta e o presidente Jair Bolsonaro. Enquanto o comandante da pasta da Saúde defende a conclusão de testes e estudos que atestem a eficácia do medicamento no combate ao coronavírus, Bolsonaro afirmou, diversas vezes, que a alternativa é eficaz.

Nesta segunda-feira 6, pouco depois da incerteza sobre a sua permanência no cargo, Mandetta afirmou, em coletiva de imprensa no Ministério da Saúde, que foi pressionado por dois médicos a assinar um decreto para liberar a hidroxicloroquina.

“Me levaram, depois da reunião lá, para uma sala com dois médicos que queriam fazer protocolo de hidroxicloquina por decreto. Eu disse a eles que é super bem-vindo, os estudos são ótimos. É um anestesiologista e uma imunologista que lá estavam”, disse o ministro. – [Eu disse] Que eles devem se reportar a você [referindo ao secretário Denizar Vianna, de Ciência e Tecnologia da pasta] e que eles devem, nas sociedades brasileiras de imunologia e anestesia, fazerem o debate entre os seus pares. Chegando a um consenso entre seu pares, o Conselho Federal de Medicina e nós aqui do Ministério da Saúde, a gente entra. A gente tem feito isso constantemente”, acrescentou.

 

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Veja e Vote.

A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

OFERTA
VEJA E VOTE

Digital Veja e Vote
Digital Veja e Vote

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

1 Mês por 4,00

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.