Carlos Bolsonaro diz que viajou à Rússia a convite de aliado de Putin
Documento foi apresentado pelo vereador à Câmara, junto de ofício que comunicava viagem ao país, na qual acompanhou o presidente Jair Bolsonaro

O vereador Carlos Bolsonaro, filho Zero Dois do presidente Jair Bolsonaro, apresentou à Câmara Municipal do Rio de Janeiro um convite feito por um membro do Parlamento da Rússia, aliado do presidente Vladimir Putin, para que ele viajasse ao país “com o objetivo de realizar encontros na Duma Estatal da Assembleia Federal da Federação Russa”. A presença do vereador na comitiva de Bolsonaro causou espanto e polêmica, por Carlos não ser integrante formal do governo do pai — o parlamentar carioca é um dos conselheiros mais influentes junto ao presidente.
Assinado em 8 de fevereiro por Leonid Slutsky, presidente do Comitê de Assuntos Internacionais da Duma russa (veja abaixo), o documento foi incluído por Carlos junto de um ofício em que comunicava a viagem ao presidente da Câmara carioca, datado de 11 de fevereiro. Segundo o vereador, a viagem não demandaria custos à Casa. Slutsky é um aliado de Putin e tem participado das negociações por um cessar-fogo na Ucrânia, invadida pelos russos.
A viagem em que Carlos Bolsonaro acompanhou Jair Bolsonaro à Rússia ocorreu entre os dias 14 e 17 de fevereiro. “Informo Vossa Excelência que irei em breve ao Leste Europeu”, informou Carlos na semana anterior, pedindo “anuência” dos presidentes das comissões de Ciência, Tecnologia, Comunicação e Informática e de Turismo para representá-las na viagem.
O convite feito pelo aliado de Vladimir Putin, apresentado em russo e em português, e o ofício de Carlos Bolsonaro informando sobre a viagem foram enviados nesta sexta-feira, 11, ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela Câmara Municipal.
Em decisão no último dia 4, o ministro Alexandre de Moraes havia cobrado explicações da Casa a e da Presidência da República respeito da presença de Carlos na comitiva presidencial, após o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) protocolar uma petição neste sentido dentro do inquérito que investiga a atuação de “milícias digitais”. O prazo para receber as informações era de cinco dias. O Palácio do Planalto ainda não se manifestou.
A decisão de Moraes de pedir esclarecimentos à Câmara carioca e à Presidência da República foi dada apesar do posicionamento da Procuradoria-Geral da República (PGR), que havia se manifestado contra o pedido de investigação protocolado por Randolfe.
Ao ministro, a Câmara Municipal do Rio informou que seu regimento interno “não exige prévia autorização para realização de viagens internacionais que não configurem missão oficial ou gastos para Casa”. A comunicação a Moraes diz também que Carlos Bolsonaro registrou presença e votou remotamente em todas as sessões deliberativas entre os dias 15 e 17 de fevereiro.