Câmeras corporais mostram que PMs mataram jovem rendido em SP; assista
Igor Oliveira estava desarmado e com as mãos na cabeça, dentro de casa, quando foi alvejado e morto por dois agentes, que estão presos

A Justiça de São Paulo converteu em preventiva a prisão em flagrante de dois policiais militares, Renato Torquatto da Cruz e Robson Noguchi de Lima, após verificar, por meio dos vídeos registrados pelas câmeras corporais de ambos, que eles atiraram e mataram o jovem Igor Oliveira de Moraes Santos no último dia 10, em Paraisópolis, comunidade dentro da capital paulista. A decisão atendeu a um pedido do Ministério Público. Os dois policiais militares respondem pelo crime de homicídio doloso (quando há intenção de matar).
As imagens que registraram a ocorrência (assista a seguir) mostram que o jovem estava desarmado e que havia, inclusive, se rendido erguendo as mãos. Ele respondeu aos policiais que não tinha passagens e não ofereceu qualquer resistência. Torquatto da Cruz deu dois tiros e, em seguida, Lima deu mais um. A decisão judicial, do último dia 12, diz que os dois mostraram “desprezo pela vida alheia”.
As imagens foram obtidas pela TV Globo e republicadas pelo perfil de Instagram “paraisopolisoficial_”, que é alimentado pela própria comunidade.
Além dos dois policiais que estão presos preventivamente, segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (leia a íntegra da nota ao final), outros dois que também estavam na cena do crime estão sendo investigados por terem contado uma versão da história incompatível com o que o vídeo comprovou que aconteceu.
O procurador de Justiça de São Paulo, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, designou um promotor de Justiça da Vara do Júri, Everton Zanella, para acompanhar o caso. Em nota divulgada nesta segunda, 14, o MPSP disse que “o pedido de prisão se baseou no fato de que Igor estava rendido, com as mãos levantadas, sem apresentar resistência, quando foi alvejado pelos policiais, o que revela, ausência de excludentes de ilicitude na ação dos referidos policiais”.

O episódio causou revolta nos moradores de Paraisópolis, que fizeram protestos e barricadas no final da semana passada por conta desse e de outros casos de violência policial na comunidade.