Brasil é citado 26 vezes em relatório de departamento antimáfia da Itália
Ações criminosas da Cosa Nostra e 'Ndrangheta, respectivamente máfias siciliana e calabresa, foram descobertas em investigações conjuntas de Brasil e Itália

O mais novo relatório de investigações antimáfia da Itália, divulgado na manhã desta terça-feira, 27, cita o Brasil 26 vezes e aponta prisões e logística de organizações criminosas para o envio de drogas à Europa. O documento é editado pelo Departamento de Investigações Antimáfia (DIA), que tem Michele Carbone como diretor. Em um dos trechos das 424 páginas, há um resumo da atuação criminosa no Brasil, que cita o Primeiro Comando da Capital (PCC) na logística para enviar entorpecentes para os continentes africano e europeu.
“O panorama criminal na América do Sul tem predomínio das organizações criminosas presentes na Colômbia e Brasil”, diz o documento. No país vizinho, a citação é de que o comando do envio de cocaína para território europeu passa por três grupos: Clã do Golfo, dissidentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e Exército da Libertação Nacional (ELN), que utilizam Equador, Venezuela e República Dominicana para transporte.
A Colômbia, de acordo com as informações, tem núcleo operacional da máfia calabresa ‘Ndrangheta. “O continente americano (três Américas) pode ser considerado um território estratégico para o crime organizado internacional diante da complexa rede de tráfico e lavagem de dinheiro”, diz o documento.

Os investigadores citam que as organizações mafiosas estão presentes nas Américas do Norte, Central e Sul desde a grande imigração, quando milhares de italianos vieram para o continente americano. A Cosa Nostra, originária na Sicília, aparece como grande operadora de ilícitos nos EUA diante da forte chegada de sicilianos ao país. “A imigração incluiu indivíduos envolvidos com a máfia que utilizaram a oportunidade para expandir suas atividades delinquentes do outro lado do Atlântico. É assim que se formou a Cosa Nostra americana (…) com atividades criminosas em Nova Iorque, Chicago e Filadélfia.
Entre diversas operações realizadas em 2024 para tentar sufocar as organizações mafiosas está a “Laranja”, por exemplo, que ocorreu no Rio Grande do Norte. A acusação é de que o clã Pagliarelli, da Cosa Nostra, utilizou empresas e fantasmas para lavar ao menos 300 milhões de reais. Os recursos foram, segundo a Polícia Federal brasileira, utilizados para adquirir propriedades para máfia se infiltrar nos mercados imobiliário e financeiro do Brasil.
