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Bolsonaro volta a jogar em cidades e estados responsabilidade por pandemia

Enquanto governo tenta abafar dados, presidente se vitimiza e fala em 'forças nada ocultas' que o 'açoitam' e tentam 'deslegitimá-lo'

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 8 jun 2020, 11h17

Enquanto seu governo tenta abafar e esconder os dados da dramática escalada da pandemia de coronavírus no país, o presidente Jair Bolsonaro reforçou na manhã desta segunda-feira, 8, a estratégia de transferir responsabilidades e consequências de ações contra a doença exclusivamente a prefeitos e governadores.

Em uma série de publicações no Twitter, Bolsonaro lembrou que “por decisão do STF, as ações de combate à pandemia (fechamento do comércio e quarentena, p.ex.) ficaram sob total responsabilidade dos Governadores e dos Prefeitos”. Citou, em seguida, o pagamento do auxílio emergencial de 600 reais e afirmou que o governo federal “alocou centenas de bilhões de reais não só para combater o vírus, bem como para evitar o desemprego”. O presidente ainda se vitimizou, falando em “forças nada ocultas, apoiadas por parte da mídia”, que “açoitam o Presidente da República das mais variadas formas para deslegitimá-lo ou atrapalhar a governança”. 

Certo de que não cabe a seu governo elaborar ações de combate à pandemia e de que, mesmo assim, já fez o bastante, Bolsonaro se vê livre para seguir em irresponsável oposição às medidas de isolamento social e aumentar a pilha de sucessivos maus exemplos que têm dado, quando aparece publicamente sem máscara e estimula aglomerações. Ao ignorar os 37.312 mortos por Covid-19 no país, fazer do Brasil exemplo internacional do que não se fazer na pandemia e modular cada vez mais sua “governança” a uma retórica que agrada somente aos 33% de apoiadores fieis de sua base eleitoral, quem acaba por “deslegitimar” Jair Bolsonaro é o próprio Jair Bolsonaro.

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