As razões de um governador bolsonarista para ter boa relação com Lula
Wilson Lima reafirma apoio a Bolsonaro, enquanto seu partido, o União Brasil, negocia aproximação com o governo do presidente eleito

O União Brasil é um dos partidos de centro que se debatem com divisões internas acerca de apoiar ou não apoiar o governo do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, como mostra reportagem de VEJA desta semana. Enquanto o presidente da sigla, deputado Luciano Bivar (PE), negocia diretamente com a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), condições para uma aproximação, uma ala da legenda é formada por políticos antipetistas e bolsonaristas, a exemplo dos quatro governadores eleitos pelo União, em Goiás, Mato Grosso, Amazonas e Rondônia. Por essa razão, e o peso de lideranças como Ronaldo Caiado, o governador goiano, uma adesão formal à base aliada de Lula é vista com algum ceticismo no momento.
Reeleito no Amazonas, Wilson Lima é um dos governadores bolsonaristas nas fileiras do União Brasil. Em que pese faça questão de se dizer alinhado ao presidente Jair Bolsonaro, Lima sabe que a condução de um estado estratégico a assuntos nacionais como o seu, além da necessidade amazonense por parcerias com o governo federal, obrigam-no a manter diálogo fluido e uma relação pragmática com o governo Lula.
“A questão dos parlamentares é mais ideológica, de construção de narrativa e negociação mais imediata. No caso dos governadores, não podemos agir simplesmente pela questão ideológica. Tenho um alinhamento com Bolsonaro, mas preciso agir de forma pragmática, de comunicação com Brasília, em assuntos como a Zona Franca de Manaus, onde preciso do apoio federal, as fronteiras com Colômbia, Venezuela e Peru e as questões ambientais, nas quais o mundo volta seus olhares para cá”, disse Wilson Lima a VEJA.
O governador amazonense conta ter boas relações com integrantes do governo de transição e nomes quase certos para integrar o primeiro escalão da nova gestão do petista, como os senadores eleitos Flávio Dino (PSB), ex-governador do Maranhão, e Wellington Dias (PT), ex-governador do Piauí, além do senador lulista Omar Aziz (PSD-AM). “Nesse contexto, não tem como abrir mão do entendimento com Brasília. Não uma relação política, mas institucional, para fazer com que as coisas caminhem. Isso independe da posição do partido”, avalia.