Após vídeo de Felca, adultização de crianças fura a fila na Câmara

O projeto de lei que visa discutir a questão da adultização de crianças nas redes sociais acabou furando a fila no meio de outras prioridades na Câmara dos Deputados, como a revisão do foro privilegiado e a agenda bolsonarista da anistia, e deve ser pautado em breve pelo presidente Hugo Motta (Republicanos-PB).

O assunto ganhou destaque nas redes sociais, entre parlamentares e na opinião pública após o influenciador digital Felipe Bressanim Pereira, conhecido como Felca, 27, publicar um vídeo-denúncia na última sexta-feira, 8. No material, ele expõe como outro influenciador, Hytalo Santos, estaria lucrando com a exposição de crianças e adolescentes em situações sexualizadas.

Já no domingo, 10, Motta se pronunciou por meio de suas redes para dizer que vai pautar o tema no Congresso. Para ele, a questão, que tem apoio de políticos de direita e de esquerda, cai como uma luva, ajudando-o a se recuperar da fragilidade que demonstrou na semana passada, após ser impedido de iniciar sessões, diante de um protesto bolsonarista.

De acordo com a assessoria de Motta, que se reuniu com líderes para discutir o tema nesta terça, já há mais de sessenta projetos sobre a adultização na Câmara e será criado um grupo de trabalho específico para a questão. Uma comissão geral já será realizada no dia 20, às 9h, para debater a proteção para crianças e adolescentes em ambientes digitais.

A discussão passa na frente da proposta de anistia aos envolvidos na tentativa de golpe de estado do 8 de Janeiro de 2023, que tem sido a principal pauta da oposição bolsonarista, mas que, em entrevista a VEJA na segunda, 11, Motta declarou que que não há clima para ser pautada.

Da mesma forma, a revisão do foro privilegiado, que surgiu na semana passada em acordo com o ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), como um trunfo a ser discutido para viabilizar a governabilidade de Motta, também perdeu força nesta terça, já que os líderes não formaram maioria em torno do tema.

A questão da adultização de crianças nas redes sociais ganhou apelo na opinião pública e teve fortes desdobramentos no parlamento, com novos projetos de lei, propostas de CPI (no Senado já tem apoio de 64 políticos) e audiência pública para debater a questão.

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