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Por José Benedito da Silva Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Ramiro Brites. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
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A preocupação do agro com o Plano Safra anunciado por Lula

Apesar de injeção de R$ 7,6 bilhões em crédito, recursos para equalização de juro e 'priorização' de agricultura familiar são pontos de atenção do setor

Por Laísa Dall'Agnol Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 15 Maio 2024, 23h58 - Publicado em 11 jun 2023, 17h11

Apresentada na última semana por Luiz Inácio Lula da Silva e pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, a injeção de bilhões de reais pelo governo no Plano Safra 2022/2023 é vista com cautela por representantes do setor.

Apesar do otimismo com a reabertura de 3,6 bilhões de reais em dez programas de crédito agrícola pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e outros 4 bilhões de reais em linha de financiamento dolarizada para investimentos em crédito rural, a preocupação gira em torno da efetividade do pacote frente às atuais dificuldades do agro.

“Estamos tratando de milho e soja abaixo do custo de produção e vamos precisar de seguro. A estimativa é que precisaríamos de 25 bilhões de reais para equalização de juro. Sabemos que o governo não vai conseguir chegar nisso, mas temos que tentar chegar no mais próximo possível”, diz Pedro Lupion (PP-PR), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).

O deputado relembra que, apenas no Rio Grande do Sul, esta será a quarta safra de defasagem. “O presidente Lula criticou o Plano Safra do ano passado, disse que foi ruim, e foi mesmo, foi aquém do que queríamos, mas foi o possível para o momento. Espero que hoje, com os números da economia, e com a nossa contribuição para o PIB, a gente consiga ter um espaço maior”, afirma.

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Na semana passada, o agro deu novas demonstrações de sua força e relevância: com um crescimento de 21,6%, puxou para cima o PIB do primeiro trimestre, que na média teve expansão de 1,9%, acima do que se esperava. Entre janeiro e abril, o campo foi responsável por 49% das exportações brasileiras, um recorde. A previsão é que a safra deste ano chegue a 302 milhões de toneladas de grãos, o que também seria histórico.

arte Campo
(./.)

Outro ponto de atenção da bancada ruralista é o espaço a ser dado à agricultura familiar dentro do Plano Safra. Representantes de entidades de pequenos proprietários têm cobrado prioridade no plano 2023/24 e na distribuição do orçamento para a equalização dos juros do crédito rural. “Pelo que foi anunciado, o Plano Safra está muito focado na agricultura familiar. E não é um assentado do Incra, é um produtor médio, alguns mil hectares produzindo. Não sei o que ele [Lula] quer quando se recusa a financiar um produtor maior e prioriza um pequeno”, diz o senador Zequinha Marinho (Podemos-PA), vice-presidente da FPA no Senado.

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Na próxima semana, a FPA deve se reunir com os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento), Carlos Fávaro (Agricultura), além do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, para tratar do detalhamento do Plano Safra.

Afago

O anúncio do novo crédito, de forma geral, tem sido bem recebido entre o setor, cuja relação com o governo não andava das melhores. Um dos episódios de maior tensão foi o cancelamento da visita de Carlos Fávaro à Agrishow de Ribeirão Preto, em São Paulo, após a confirmação da presença de Jair Bolsonaro, que acabaria se tornando a estrela da feira. Enfurecido com o episódio, Lula chamou os organizadores de “povo mau-caráter, fascista e negacionista”.

“Finalmente o presidente começou a dar uma sinalização de aproximação com o setor, porque estava bem ruim. Caiu a ficha que não pode ficar guerreando com a gente. Para nós, está sendo muito boa essa mudança de posicionamento”, diz o deputado Pedro Lupion. “Não se pode eleger o agro como adversário. O agro é parceiro do Brasil, representa um terço do PIB e faz pelo país aquilo que outros setores não estão conseguindo atualmente”, avalia o senador Zequinha Marinho.

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