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A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Bruno Caniato, Isabella Alonso Panho, Heitor Mazzoco e Pedro Jordão. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

A polêmica entre Erika Hilton, parte da comunidade LGBT+ e o rapper Oruam

Comentários e declarações nas redes sociais dividiram opiniões de internautas e geraram discussões sobre criminalidade, raça e orientação sexual

Por Pedro Jordão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 14 jul 2025, 19h44 - Publicado em 16 jun 2025, 17h00

Uma polêmica envolvendo a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), parte da comunidade LGBT+ e o rapper Oruam teve início na semana passada e ficou entre os assuntos mais falados da rede social X nesta segunda-feira, 16. Entenda abaixo o que houve.

Como começou a polêmica?

Após um office boy de 24 anos morrer baleado, durante uma incursão da Polícia Militar do Rio de Janeiro ao Morro de Santo Amaro, na zona sul da capital fluminense, o rapper Oruam, nome artístico de Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, 24, usou as redes sociais para demonstrar indignação diante da ação violenta policial e questionar como poderia se organizar politicamente para ajudar a comunidade.

Em resposta, Erika Hilton aconselhou o músico a se aproximar de entidades políticas que fazem ações educativas e sociais nas favelas do Rio de Janeiro. Entre as recomendações, ela cita possibilidades de luta pelos direitos da comunidade LGBT+. “Para se aproximar da comunidade LGBTQIAPN+, recomendo a Entidade Maré, um coletivo de artistas da Maré”, disse. “Organização popular é fazer revolução com o pé no chão. Se quiser construir junto, tô por aqui. De verdade”, finalizou a parlamentar paulistana.

O texto escrito pela deputada, no entanto, começou a receber críticas de parcela da população LGBT+ e pessoas de esquerda, que condenaram a aproximação dela a Oruam, já que ele é filho do traficante Márcio dos Santos Nepomuceno, conhecido como Marcinho VP, um dos principais líderes do Comando Vermelho.

Entre os comentários, um perfil identificado apenas como “Marcus” escreveu: “Depois perguntam o por quê do fracasso da esquerda”. Outro acusou, sem provas, o partido da deputada de envolvimento com o crime organizado, “PSOL é o braço político do Comando Vermelho”. Um terceiro perfil, identificado como “Bionika”, falou diretamente com a deputada: “Erika, minha diva, esse homem incentivou em massa o estupro de uma mulher”. A mensagem fazia referência ao caso da vereadora paulistana Amanda Vettorazzo (União Brasil), que encabeçou a lei antioruam, que objetiva proibir a contratação pública de artistas que façam “apologia ao crime, as drogas e ao sexo”. Ao criticar a parlamentar municipal nas redes sociais quando a lei foi proposta, Oruam publicou um vídeo no qual aparece rindo e fazendo gestos obscenos. “Pelo amor de Deus, alguém come ela. Dá Jack para ela. Toma Jack, toma Jack”, disse entre uma imitação de gemidos de amigos que o filmavam. Jack é o termo usado por bandidos para se referir a estupradores nos presídios.

Resposta de Erika e perfis expressivos se opõem

O caso ganhou mais repercussão quando a deputada fez uma publicação no próprio perfil, não mais nos comentários do perfil de Oruam, para se defender e explicar suas intenções.

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Se os filhos fossem responsáveis pelos crimes dos pais, metade dos gays do Brasil estariam presos por homofobia”, começa a texto. “Não conversei com Oruam ontem por ser fã, por apoiar suas falas misóginas, seu pai ou seu tio. Conversei porque ele prestou apoio à família de uma vítima da PM. Porque foi protestar ao lado de uma comunidade que foi atacada a tiros por fazer uma festa junina. Porque ele queria saber como se organizar politicamente”.

“E eu não sou a responsável por investigar as acusações contra Oruam e suas falas horrendas. Elas já foram alvo de Boletim de Ocorrência. Mas, como deputada, tenho uma responsabilidade com a promoção da dignidade humana para todas as pessoas desse país, afinal, é esse o objetivo existencial da nossa Constituição”.

O novo posicionamento da deputada continuou a incomodar alguns militantes, dentre eles Luciano Carvalho, influenciador que possui 167 mil seguidores (Erika Hilton possui quase 880 mil) e foi responsável pela página “Haddad Debochado”, que produzia conteúdo crítico e humorístico de esquerda na web.

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Oruam não é responsável pelos crimes do pai, mas se sustenta pelos crimes do pai e em nenhum momento tentou se desvincular desse mundo. Oruam defende o pai publicamente, tem tatuagem em homenagem a quem assassinou Tim Lopes e ainda defende um amigo que agredia a namorada. Quero distância dessa esquerda que sempre passa pano para bandido”, criticou Carvalho.

A essa altura, mais perfis começaram a entrar na discussão, escolhendo um lado ou outro. Alguns, em crítica a Erika Hilton, recuperaram um tuíte dela de 2020 no qual ela falava para gays brancos e cisgêneros repensarem suas opiniões e atitudes: “Precisam entender a importância de uma coalização de luta e de rever privilégios. Sem falar dívida histórica com as pessoas trans”, diz um trecho da mensagem publicada por ela há quase cinco anos.

A discussão começou a envolver outros integrantes de movimentos sociais e influenciadores envolvidos com as pautas negra e LGBT+. Em alguns casos, Erika foi acusada de não defender os direitos de gays brancos e só se importar com integrantes de parte da comunidade LGBT+.

Vídeo-resposta de Erika Hilton

Para responder a toda a situação, que continuava a crescer e ganhar mais destaque nas mídias sociais, a deputada federal publicou um vídeo no último domingo , 15, no qual reconheceu o erros e falou em “ataque orquestrado” contra ela.

“Essa semana, um comentário meu virou trending topic, manchete, desinformação e até teoria de conspiração. Tudo ao mesmo tempo (…). O que era para ser uma troca, quase que uma obrigação minha, de intervir num momento de reflexão de uma figura do tamanho do artista, virou espetáculo. Gente dizendo, pela centésima vez no ano, que a esquerda morreu, que existe uma conspiração contra gays brancas ou até mesmo que Oruam é um novo Che Guevara. Me acusaram até de ‘passar pano’ para o crime”, escreveu na legenda.

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Erika negou que concorde “com homofobia, com misoginia, nem com qualquer forma de violência”. “Nunca vou deixar de defender as pautas LGBTQIA+ que carrego na pele. Mas também não vou fingir que uma figura como ele [Oruam], mesmo com todas as suas contradições, não têm influência real na juventude”.

Apesar da clareza da legenda, a parlamentar fala, no vídeo, em movimentos planejados para desmerecerem-na, mas não fala por quem ou quais grupos.

“Conseguiram construir uma narrativa ridícula de que eu odeio gays brancos. Isso é mais uma faceta odiosa daqueles que, o tempo todo, querem menosprezar e desmerecer o meu trabalho e a minha atuação. Não vão conseguir. Eu tenho responsabilidade com as minhas falas, compromisso com o meu trabalho, sempre estive ao lado da Justiça (…) e não tenho nada que possa contradizer a mim e as minhas ações. Esse movimento orquestrado que encontra cúmplices até mesmo entre os oprimidos é uma tentativa de ridicularizar o meu trabalho”.

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“Vamos deixar de ser fantoche da extrema direita, ou de um ou outro gay fascista que possa estar tentando levantar esses comentários absurdos e que usam esse episódio não só para me atacar, mas para destilar racismo nas redes sociais”, finalizou sem citar nenhuma pessoa específica.

Endosso de Oruam

O vídeo da deputada foi compartilhado por Oruam, junto de um comentário, no qual diz que mentiras espalhadas nas redes sociais acabam se tornando verdade. A fala foi uma tentativa do rapper de se desvincular de facções criminosas.

“Vou te explicar como funcionam as mídias sociais, elas soltam uma mentira que acaba virando verdade para quem não entende do assunto, e as pessoas realmente começam acreditar naquilo, de tanto as pessoas me associarem a facções criminosas. Hoje em dia, todo mundo acredita que isso seja verdade, ou seja, uma mentira que virou verdade na mente de um ignorante. ‘Se você falar com o Oruam, você tem ligação com o Comando Vermelho’, querem acabar com a nossa imagem”, escreveu o artista.

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