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Maquiavel

Por José Benedito da Silva Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Ramiro Brites. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

A malandragem de Pablo Marçal para surfar na posse de Trump

Coach divulgou vídeo antigo ao lado do presidente americano, sem informar que não era do dia da posse, e confundiu a imprensa e os seus seguidores nas redes

Por Bruno Caniato Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 22 jan 2025, 16h35 - Publicado em 22 jan 2025, 14h15

Na última terça-feira 21, o coach Pablo Marçal (PRTB) aplicou mais uma de suas táticas duvidosas (para dizer o mínimo) para gerar engajamento nas redes sociais sobre o noticiário. Em seu perfil no Instagram, o candidato derrotado à prefeitura de São Paulo em 2024 publicou um curto vídeo ao lado do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pedindo que o republicano “salve a América e salve o Brasil”.

Publicado estrategicamente na esteira da posse presidencial nos EUA, o vídeo produz a falsa impressão de que Marçal teria se aproximado de Trump para o registro na semana do início de seu segundo mandato. A impressão foi reforçada por nota divulgando o vídeo enviada por sua assessoria aos veículos de comunicação. Nessa nota, o texto é cuidadosamente construído para levar ao engano. Nele, há uma frase de Marçal: “É quase impossível gravar um vídeo com o presidente porque o serviço secreto não deixa ninguém chegar perto dele. Foi o acesso mais difícil de toda a minha vida, mas eu encontrei com o Trump três vezes e ele realmente gosta do Brasil”, diz.

O encontro foi amplamente divulgado pela imprensa, incluindo veículos de amplo alcance como VEJA, Folha de S.Paulo, O Globo e O Estado de São Paulo. Parte do apelo veio do fato de que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que viajaram aos EUA como representantes do ex-presidente Jair Bolsonaro — impedido de viajar pelo STF —, não tiveram a oportunidade de fazer nenhum registro com o mandatário americano.

Horas após a repercussão, porém, descobriu-se que o vídeo não havia sido gravado durante a posse de Trump, em Washington, mas em ocasião anterior, no luxuoso resort do magnata em Mar-a-Lago, na Flórida. Nas imagens, os detalhes do ambiente são perfeitamente compatíveis com a mansão, e não com o Capitólio dos EUA (palco do evento oficial) ou o Capital One Arena, onde o presidente discursou antes da cerimônia de Estado e compareceu a um baile depois.

Farsa foi cuidadosamente elaborada

Longe de ser um acidente, a “malandragem” de Marçal foi meticulosamente armada para induzir o receptador ao erro. Nos dias anteriores, o coach, de fato, esteve nos EUA, onde registrou dezenas de vídeos e fotos trajando exatamente as mesmas roupas que usava na gravação antiga com Trump.

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A publicação ocorreu no início da tarde de terça-feira, menos de 24 horas após a posse do presidente americano. O próprio Marçal fez comentários na postagem sobre a dificuldade de conseguir o registro. Até a veiculação desta reportagem, o vídeo já havia alcançado mais de 17 milhões de visualizações e quase 800.000 curtidas, com diversas respostas de apoiadores exaltando o feito do coach, que, em nenhum momento, informou que as imagens não eram recentes.

Publicação no Instagram de Pablo Marçal (PRTB) ao lado do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump
Publicação no Instagram de Pablo Marçal (PRTB) ao lado do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Instagram/Reprodução)

A assessoria de Marçal, tampouco, fez questão de ressaltar que o breve encontro não era recente. O comunicado enviado a jornalistas se resume a exaltar o encontro entre os dois políticos, alegando que esta teria sido a terceira vez em que o brasileiro encontrara o americano, além de reforçar as declarações de que “o serviço secreto” dos EUA havia dificultado a abordagem e aplaudir “a crescente influência de Marçal no cenário político internacional”.

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A reportagem de VEJA procurou Pablo Marçal e sua equipe para esclarecer a data exata em que o vídeo foi gravado, mas ainda não obteve resposta do coach ou de seus assessores. Questionada, a sua assessoria respondeu apenas: “Ele não deu detalhes ainda sobre local e data, mas pode deixar que qualquer nova informação que eu conseguir passo para você”. E não atendeu a nenhuma ligação para falar sobre o episódio.

Histórico de mentiras

Durante a campanha eleitoral de 2024, enquanto candidato à prefeitura paulistana, o coach mentiu sistematicamente sobre o suposto abuso de cocaína pelo rival Guilherme Boulos (PSOL) — às vésperas da votação, o influenciador chegou a divulgar um laudo forjado de internação por overdose do deputado federal.

Também no período eleitoral do ano passado, após o infame episódio da “cadeirada” que recebeu do adversário José Luiz Datena (PSDB) durante um debate, Marçal alegou que a agressão lhe causara fraturas nas costelas e disseminou um falso raio X do tórax — registro que, após checagem, revelou-se retirado de um banco de imagens para divulgação.

Ainda na época das eleições, o coach protagonizou embates com bolsonaristas por afirmar, em diversas ocasiões, que tinha o apoio de Jair Bolsonaro e seus familiares. Em uma das falácias, publicou trecho de uma entrevista de Eduardo Bolsonaro, em vídeo, na qual o parlamentar o chama de “muito inteligente” e parece endossar sua candidatura, deixando de fora as partes em que o filho Zero Três do ex-presidente diz não confiar em Marçal e não apoiá-lo à prefeitura.

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