A fala sobre o Exército que motivou a baixaria entre Mourão e Malafaia
Em ato pela anistia, ao discursar sobre prisão do general Braga Netto, líder evangélico disse que caserna tem 'cambada de frouxos, covardes e omissos'

As falas ácidas de Silas Malafaia sobre o Exército Brasileiro no ato a favor da anistia na Avenida Paulista, no último domingo, 6, provocaram uma reação do ex-vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos), que rebateu as declarações do pastor aliado de Jair Bolsonaro.
A rusga começou quando, durante seu discurso na manifestação, Malafaia falou sobre o general Walter Braga Netto, que está preso por tentar atrapalhar as investigações sobre uma tentativa de golpe de Estado, e disse que o Exército é formado por uma cambada de “frouxos, covardes e omissos” que não saíram em defesa do ex-candidato a vice na chapa de Bolsonaro em 2022.
“Sabe por que ele [Braga Netto] tá preso? Porque Alexandre de Moraes diz que ele estava tentando obstruir o processo. Um general condecorado no exterior, com ficha limpa (…). Cadê esses generais de quatro estrelas, do Alto Comando do Exército? Cambada de frouxo, cambada de covardes, cambada de omissos. Vocês não honram a farda que vestem”, bradou Malafaia no trio elétrico na Paulista.
Horas depois, Mourão, que também é general do Exército — e atualmente senador pelo Rio Grande do Sul –, rebateu as críticas e chamou o pastor de “falastrão”. “Ao se aproveitar de um ato em defesa da necessária anistia aos envolvidos no 8 de Janeiro para ofender os integrantes do Alto Comando do Exército, o falastrão que assim o fez demonstrou toda sua total falta de escrúpulos e seu desconhecimento do que seja Honra, Dever e Pátria; a tríade que guia os integrantes do Exército de Caxias”, publicou Mourão.
Ao se aproveitar de um ato em defesa da necessária ANISTIA aos envolvidos no 08/Jan para ofender os integrantes do Alto Comando do Exército, o falastrão que assim o fez demonstrou toda sua total falta de escrúpulos e seu desconhecimento do que seja Honra, Dever e Pátria; a tríade…
— General Hamilton Mourão (@GeneralMourao) April 7, 2025
Desde antes mesmo da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-vice-presidente tem se afastado do bolsonarismo “radical” e, inclusive, não participou de nenhum dos grandes atos públicos realizados por Bolsonaro em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Na noite de segunda-feira, 7, a briga ganhou novo capítulo. Malafaia foi novamente às redes para rebater, por sua vez, as declarações de Mourão. O pastor acusou o general de ser “traíra”, “desleal” e “covarde” e reforçou as críticas ao alto comando do Exército.
“Resposta ao traíra do General Mourão. Você nunca foi leal e fiel a quem te promoveu na vida política, que foi o presidente Bolsonaro. Sempre omisso, em cima do muro e fazendo jogo duplo”, publicou Malafaia.
“Não vi você em nenhuma manifestação para defender Bolsonaro e agora na questão da anistia. Você é tão covarde como seus coleguinhas do alto comando (…) Vou repetir mais uma vez. Cambada de frouxos, covardes e omissos. Não honram a farda que vestem. MOURÃO ! Você perdeu uma oportunidade de ficar calado . Está apanhando muito nas redes sociais. COVARDE FALASTRÃO!”, prosseguiu o pastor.
O líder também mencionou declaração recente do atual ministro da Defesa de Lula, José Múcio, sobre nunca ter havido ameaça de golpe de Estado com uso da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) no país.
RESPOSTA AO TRAÍRA DO GENERAL MOURÃO
Você nunca foi leal e fiel a quem te promoveu na vida política que o foi o presidente Bolsonaro . Sempre omisso , em cima do muro e fazendo jogo duplo . Não vi você em nenhuma manifestação para defender Bolsonaro e agora na questão da anistia…— Silas Malafaia (@PastorMalafaia) April 8, 2025
Aliados de Bolsonaro também saíram em defesa de Malafaia. Fabio Wajngarten, ex-ministro da Secretaria de Comunicação, condenou a prisão de Braga Netto e defendeu que Mourão deveria usar seu poder político a favor do combate a “prisões arbitrárias”.
“Ao invés de bater no mensageiro, que sempre esteve ao nosso lado, bata na mensagem”, disse Wajngarten. “A prisão do General Braga Netto é ilegal e imoral. Precisamos de atores políticos que sejam ativos e não espantalhos parados e indiferentes à tudo que está ocorrendo contra todo um espectro político. Use seu enorme mandato para ajudar a evidenciar abusos, prisões arbitrárias e principalmente a mostrar que o lugar do General BN é ao lado de sua família em casa”, afirmou.