A CPMI que quer causar dores de cabeça a Lula pelo 8 de janeiro
Iniciativa que mira supostas omissões do governo já reuniu número de assinaturas necessário no Senado e tem avançado na Câmara

Enquanto o pedido para criar uma CPI no Senado para investigar os atos golpistas de 8 de janeiro enfrenta obstáculos políticos e práticos, com assinaturas de governistas sob pressão do Palácio do Planalto e a possibilidade de a contagem de apoios voltar à estaca zero, parlamentares bolsonaristas preferiram apoiar uma outra frente de apuração, destinada a criar dores de cabeça ao Palácio do Planalto neste tema: um pedido de Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), formada por deputados e senadores, articulado pelo deputado André Fernandes (PL-CE).
Como mostra reportagem de VEJA desta semana, a proposta pretende incluir na apuração supostos atos de omissão do governo Lula durante as invasões do 8 de janeiro, a exemplo dos ministérios da Defesa, comandado por José Múcio Monteiro, e da Justiça e Segurança Pública, do ministro Flávio Dino.
Até a sexta-feira, 24, Fernandes havia reunido 32 assinaturas no Senado, mais que as 27 suficientes, e 168 apoios na Câmara – são necessárias 171 assinaturas de deputados. “Deve-se buscar apurar, principalmente, se as autoridades do novo governo receberam os informes de inteligência que davam conta da movimentação ocorrida e o por que não foram reforçadas as medidas ativas de segurança nas instalações invadidas”, diz o senador e ex-vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos-RS), um dos apoiadores da CPMI.
Além de Mourão, engrossam no Senado os apoios à iniciativa pesos-pesados do bolsonarismo como Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e os ex-ministros Rogério Marinho (PL-RN), Ciro Nogueira (PP-PI), Damares Alves (Republicanos-DF) e Tereza Cristina (PP-MS). Entre os deputados, nomes como Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Eduardo Pazuello (PL-RJ), Nikolas Ferreira (PL-MG), Bia Kicis (PL-DF) e Carla Zambelli (PL-SP) também querem a CPMI.
Ironicamente, o próprio André Fernandes é investigado no Supremo por ter insuflado os atos de janeiro. Ele chegou a ironizar nas redes sociais a invasão do STF, postando uma foto da porta de um armário vandalizado na Corte, com o nome do ministro Alexandre de Moraes.