A bolha da imprensa e o povo
A diferença é que, aqui, as pesquisas parecem detectar a vontade do eleitor. A falha da imprensa, porém, pode ser igual à dos EUA em 2016, ano de Trump.
E se estivermos mesmo dentro de uma bolha, sem atentar para os verdadeiros anseios da população, a mesma que vai às urnas em 7 de outubro? Paulo Guedes, o guru econômico do candidato Bolsonaro, bem pode ter razão.
Capa da Veja desta semana, ele diz que aderiu ao candidato polêmico quando saiu do que chama “bolha”, dentro da qual estão também órgãos de imprensa como a própria publicação a quem deu entrevista, além da Globo e da Folha de S. Paulo.
Há dois anos, a imprensa americana procura fazer mea culpa sobre o surpreendente resultado que levou Donald Trump à Casa Branca.
New York Times, Washington Post, CNN. Ninguém foi capaz de, nem de longe, capturar a insatisfação do eleitor com o assim chamado establishment.
Verdade que a soma de votos em Trump foi inferior à da concorrente, mas ele venceu em maior número de Estados, que é o que importa no país.
A franca liderança do “outsider” brasileiro, um deputado há décadas, pode, sim, muito bem ser explicada por algum fenômeno muito parecido com o que aconteceu na América.
A imprensa simplesmente não fala, não ouve, tampouco se comunica com o público – e por ele é cada vez menos consultada e/ou mais desprezada.
Ou meramente ignorada.
A despeito dos visíveis esforços jornalísticos para ir às ruas e ao campo com o objetivo de capturar o sentimento dos brasileiros, entrevistando-os e dando voz a eles.
A diferença, a nosso favor, é que os institutos de pesquisa, ao contrário dos americanos, também pegos de surpresa diante do fenômeno Trump, parecem estar acompanhando as inclinações populares.
Deixando perplexos a maioria dos jornalistas que conheço.