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Vivemos uma epidemia de olho seco?

Sensação de areia na vista e visão embaçada? Pode ser olho seco. No mês de conscientização sobre o problema, médico explica sintomas, prevenção e controle

Por José Alvaro Pereira Gomes*
Atualizado em 14 Maio 2024, 00h15 - Publicado em 17 jul 2023, 15h55

Ardência, irritação, sensação de areia nos olhos, cansaço e vista embaçada ao final do dia, daquela que, ao piscarmos, a imagem melhora. Esses são alguns dos sintomas do olho seco, um problema que afeta milhões de pessoas em todo mundo – em qualquer idade e em qualquer época do ano.

Sabemos, porém, que o quadro tende a piorar nos dias mais secos, como os que se repetem em nosso inverno. Daí por que a campanha Julho Turquesa, liderada pela Associação dos Portadores de Olho Seco (APÓS) no Brasil e realizada em parceria com a Tear Film Ocular Surface Society (TFOS), acontece nessa época do ano.

O olho seco se caracteriza pela pouca quantidade e/ou má qualidade da lágrima – distúrbio que pode resultar em áreas secas sobre a superfície da membrana conjuntiva e córnea, facilitando, além do incômodo, o aparecimento de complicações, como úlcera de córnea e baixa da visão.

Determinadas doenças são fatores de risco para o seu surgimento, assim como determinados hábitos – mais de 6 horas na frente de telas de computador/celular, menos de 6 horas de sono, tratamento com contraceptivo oral e uso de lentes de contato são alguns dos principais, com taxas bem maiores do que se imaginava e com tendência de crescimento, haja vista o estilo de vida da população.

Um estudo recém-publicado por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) indica que, na cidade de São Paulo, o olho seco afeta cerca de 24% da população – uma taxa elevada e semelhante a outras grandes cidades pelo mundo.

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Outra análise, conduzida por uma equipe da Unifesp junto a um grupo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), revela que 23% de 2.000 estudantes dessas duas instituições de ensino apresentavam sintomas ou história prévia de olho seco.

Ambos os estudos constataram que as mulheres são mais afetadas, corroborando dados internacionais. Acredita-se que a maior propensão seja resultado de fatores e alterações hormonais ao longo da vida.

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O olho seco tem tratamento e ele depende do tipo e da gravidade. A meta é aliviar os sintomas, repor e/ou preservar a lágrima e manter a integridade da superfície ocular. Para isso, contamos com diferentes tipos de colírios, utilizados nos casos mais leves, e géis, com ação mais prolongada, além de medicamentos anti-inflamatórios e novas tecnologias para casos mais graves.

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Somente a avaliação por um oftalmologista pode determinar, após exame detalhado, as características do quadro e o tratamento mais adequado de acordo com a origem do olho seco.

Para prevenção, é importante evitar os fatores de risco citados (muita tela, pouco sono…) e adotar uma alimentação saudável, pois estudos sugerem que determinados alimentos, como aqueles ricos em ômega-3 (peixes), apresentam um efeito protetor.

Outras medidas podem ser incentivadas a determinados pacientes, como realizar compressas mornas associadas à limpeza das pálpebras com xampu neutro diluído e uso de óculos com as laterais fechadas ou de óculos de natação para formar uma câmara úmida na região. Utilizar um vaporizador para manter a umidade dos aposentos e evitar ambientes com ventiladores e ar-condicionado também são atitudes bem-vindas.

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Mas faça chuva ou faça sol, em caso de irritação ocular, sensação de areia nos olhos e cansaço visual que melhora ao piscar, a melhor coisa a fazer é procurar um oftalmologista. O médico poderá diagnosticar o tipo e a gravidade do olho seco e a melhor forma de conter esse problema à vista.

* José Alvaro Pereira Gomes é oftalmologista, professor do Departamento de Oftalmologia e Ciências Visuais da Unifesp e presidente da Associação dos Portadores de Olho Seco (APOS)

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