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Letra de Médico

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Orientações médicas e textos de saúde assinados por profissionais de primeira linha do Brasil

Um ano de pandemia: a situação exige ciência, atitude e urgência

Assistimos estarrecidos a atual discussão, ou melhor, confusão, sobre a estratégia de vacinação da população em uma crise sanitária sem precedentes

Por João Fernando Monteiro Ferreira
Atualizado em 26 jan 2021, 12h22 - Publicado em 26 jan 2021, 11h58

A pandemia de Covid-19 completa quase um ano no Brasil e, no momento em que escrevemos este artigo, contamos com mais de oito milhões de casos confirmados, sendo aproximadamente 20% deste total no Estado de São Paulo. Já são mais de 200 mil óbitos (25% no Estado de São Paulo). Tendo-se em vista o recrudescimento na incidência de novos casos e óbitos, as perspectivas são de que ainda teremos, no mínimo, todo o semestre de 2021 para seguir nesta batalha.

A relação entre a COVID-19 e as doenças cardiovasculares é bastante estreita. Tanto o vírus SARS-Cov2, frequentemente, compromete o sistema circulatório como os pacientes com doenças cardiovasculares apresentam maior risco de pior evolução e morte. Há ainda ao potencial negligenciamento no diagnóstico e tratamento das doenças cardiovasculares, o que soma-se ao impacto devastador da COVID-19 nos pacientes. Daí ser imperioso o posicionamento e ações dos cardiologistas em relação a esta doença.

A SOCESP tem como missão a difusão do conhecimento cardiológico, baseado nas melhores evidências científicas disponíveis. Da mesma forma, um volume inteiro da revista científica da SOCESP, que acaba de ser publicada, trata da relação da SARS-Cov2 com o coração de forma séria, trazendo diversos artigos com o conhecimento científico de valor disponível no assunto até o momento.

Era até então um cenário inimaginável quando surgiu, em 2019, na China. Mas o que a Medicina aprendeu para auxiliar os pacientes que são infectados? Desde o princípio ficou claro que as máscaras e o distanciamento social são duas formas eficazes de evitar a propagação do vírus e fazer com os doentes crônicos e idosos, que representam a população mais vulnerável, não sejam contaminados. Em todo o mundo se recomenda que aglomerações, encontros e festas devam ser evitadas. Associadas às estas formas de prevenção vem a higienização das mãos seja por lavagem com água e sabão ou a utilização de álcool 70% em gel. Atenção também deve ser dada aos ambientes, que precisam ser higienizados e mantidos ventilados e arejados.

Até o momento o novo Coronavírus não possui um tratamento específico que elimine o vírus do organismo. Sendo assim, a Medicina, ao longo dos últimos meses, vem encontrando ações terapêuticas, com respaldo científico do que realmente é eficiente, que auxiliam o organismo no combate à doença. Pesquisadores brasileiros tiveram papel importante na demonstração do que pode ser efetivo (cortisona em baixas doses, heparina profilática) e do que infelizmente não tem efetividade (hidroxicloroquina, azitromicina, entre outros tratamentos difundidos como solução do problema, baseado exclusivamente em estudos in vitro).

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Destacamos que nossa sociedade científica não apoia ou recomenda práticas ou tratamentos que não possuam comprovação com adequada evidência científica. Este é um momento histórico para a Medicina e a ciência, que em tempo recorde produziu sólido conhecimento para diferenciar o que é eficaz e seguro no tratamento dos doentes. Após o volume de conhecimento atual adquirido, consideramos absurdo que políticas de saúde pública ou protocolos institucionais ainda preconizem ou estimulem práticas que cientificamente não possuem mais nenhum embasamento. O recente ataque às recomendações da Sociedade Brasileira de Infectologia nos remetem a idade das trevas e do obscurantismo. Defendemos a aplicação do melhor do conhecimento científico.

Assistimos estarrecidos a atual discussão, ou melhor, confusão, sobre a estratégia de vacinação da população. E uma crise sanitária sem precedentes, como a que vivemos no momento, não cabe qualquer disputa política, seja ela qual for. É inadmissível brigas por vacinas, seja ela A ou B. Precisamos e precisaremos, rapidamente, de todas as vacinas possíveis, uma vez que a população brasileira ultrapassa 200 milhões de pessoas, sendo a vacinação potencialmente a melhor oportunidade de controle da doença e evitarmos mais mortes e sofrimento. Passou da hora de governos se auxiliarem, assim como médicos, profissionais de saúde e cientistas estão fazendo, desde o início. Perdemos familiares, amigos e colegas nessa dura jornada, mas jamais deixamos de estar juntos nesse difícil e complicado momento.

Chegou a hora de um basta a tantos desmandos políticos, com visão obtusa e personalista, e a tanto individualismo por parte da sociedade. Só iremos derrotar a Covid-19 se todos entenderem que o único caminho para vencermos é a união de recursos e ações. A SOCESP, que ao longo de sua história, sempre se manifestou baseada em valoroso conteúdo científico, entende que precisa, neste cenário, se manifestar à sociedade e com unidade, já que acompanhamos tão de perto o sofrimento dos pacientes, familiares e a luta e dedicação, até com a própria vida, dos heroicos profissionais de saúde. Estamos promovendo uma campanha em mídias sociais com foco na saúde, valorização da ciência, no respeito, na tolerância e na cidadania. Podemos perder a paciência, mas nunca a força e atitudes da superação!

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Artigo escrito em colaboração com Marcelo Franken, diretor de Publicações da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP)

Letra de Médico - João Fernando Monteiro Ferreira
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