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Quando o diagnóstico de psoríase acontece…

A psoríase é uma doença inflamatória crônica que atinge diversas partes do corpo e ainda desencadeia um estigma social para o paciente que não a trata

Por Adilson Costa
Atualizado em 8 nov 2017, 12h00 - Publicado em 8 nov 2017, 12h00

Psoríase, doença inflamatória crônica que ocorre de 1% a 3% da população, atinge a pele, couro cabeludo, unhas e, mais raramente, as articulações. É uma dermatose de causa ainda desconhecida, intrigante, sendo, portanto, incurável. Ainda hoje, a psoríase desencadeia um estigma social importante para o paciente que a possui, mas não a trata. De novo: MAS NÃO A TRATA. Logo, o tratamento precoce, consciente e paciente por parte de seu portador é a chave do sucesso para o controle da doença.

Mas, o que desencadeia o surgimento da psoríase?

Basicamente, a psoríase é o resultado final de vários mecanismos imunológicos, regidos por uma importante influência genética e, em vários casos, imbricados com fatores ambientais. Juntos, esses fenômenos desencadeiam um aumento na velocidade da renovação das células da epiderme, conhecidas como queratinócitos.

Na pele de uma pessoa sem psoríase, o queratinócito nasce e se desprende da pele em 28 dias, na média; na psoríase, isso ocorre em 5 dias! Esse é o motivo pelo qual as lesões da psoríase são espessas, escamosas e esbranquiçadas, depositadas em uma base avermelhada, inflamatória: as placas eritêmato-escamosas. Essas placas são a característica da doença.

Falando em causas ambientais, infecções por uma bactéria da classe dos estreptococos, bem como, mais raramente, infecções virais, vacinação, uso de alguns medicamentos (como os corticoides por via oral ou venosa) e trauma, podem desencadeá-la. Geralmente, quando secundária a algum agente exógeno, ao identificá-lo e tratá-lo, a doença desaparece, ao menos temporariamente.

Só existe um tipo de psoríase?… Não!

  • Psoríase vulgar: é a forma mais comum de psoríase, cujas placas atingem couro cabeludo, face extensora dos membros (cotovelos, joelhos e face posterior dos braços e pernas, por exemplo), genitália, umbigo, região lombossacral e atrás das orelhas.
  • Psoríase gutata: lesões pequenas, circulares, disseminadas pelo corpo, decorrente da infecção estreptocócica na garganta, geralmente ocorrida três semanas antes do surgimento da psoríase. Muito comum em crianças.
  • Psoríase invertida: ocorre em áreas de flexuras, como sob as mamas, virilhas e axilas.
  • Psoríase pustulosa: são pústulas assépticas, ou seja, sem agentes infecciosos dentro, que atingem região palmo-plantar.
  • Psoríase eritrodérmica: é uma forma grave de psoríase que atinge quase todo o corpo, caracterizada por um eritema (“vermelhidão”) da pele. Forma comumente observada em pacientes que fizeram uso de corticoides por via sistêmica, geralmente, de forma inadvertida.
  • Psoríase do couro cabeludo: facilmente confundida como dermatite seborreica. Atinge 50% dos portadores de psoríase.
  • Psoríase ungueal: variante de psoríase que pode atingir as unhas de forma exclusiva, o que é raro, ou juntamente com a psoríase vulgar ou pustulosa. Para um médico não experiente, pode ser erroneamente confundida com micose nas unhas.
  • Psoríase artropática: pode atingir até 30% dos portadores de psoríase, geralmente, acometendo grandes articulações, podendo desencadear lesões articulares irreversíveis.

Tratamento da psoríase

De um modo geral, o tratamento da psoríase baseia-se em três pilares: tratamento tópico, tratamento sistêmico e fototerapia. Contudo, na imensa maioria das vezes, os médicos lançam mão de combiná-los entre si, podendo usar uma ou mais alternativas de cada categoria e de categorias diferentes.

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A base da terapia tópica é o uso de creme hidratante – muito creme hidratante! – à base, geralmente, de ureia, associado a um ou mais tipos de medicamentos tópicos das seguintes classes: corticoides, coaltar, análogos da vitamina D (calcitriol ou calcipotriol) e imunomodulares (como tacrolimus). O objetivo dessa multiterapia é aumentar a descamação das placas, afinando-as, o que permite a penetração dos medicamentos que atingirão e reduzirão a inflamação que desencadeia as lesões.

Os medicamentos sistêmicos são de classes muito peculiares. Usa-se retinoides (acitretina), antimetabólicos (metotrexate), imunomoduladores (como a ciclosporina) e os imunobiológicos (como o infliximabe, etanercept, adalimumabe, entre outros). A acitretina age na renovação celular, acelerando-a e afinando as escamas; o metotrexate, no ciclo celular dos queratinócitos, controlando a velocidade da divisão celular; a ciclosporina controla a resposta imune; os imunobiológicos agem na cascata imunológica da gênese da psoríase, confundindo o sistema imune, já que eles, por excelência, competem com os mediadores inflamatórios, reduzindo sua interação com as células da pele.

Por fim, as terapias luminosas, como a fototerapia com UVA e UVB e o laser à base de faixas específicas de UVB, agem para atenuar o mecanismo inflamatório cutâneo, de preferência associado a representes das categorias tópica e/ou sistêmica. Embora de menor eficiência, a exposição solar, domiciliar, com cautela, pode ser um adjuvante na abordagem da psoríase.

Finalmente, por ser uma doença de pele cujo estado emocional do seu portador interfere de forma a reativar ou a piorar as lesões, é comum que a psicoterapia seja associada, afim de atenuar a angústia e ansiedade dos pacientes.

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Se você se identificou com esse texto ou está em dúvida que tenha as lesões sugestivas de psoríase, procure um dermatologista. O dermatologista é o profissional médico treinado para abordar a psoríase de forma ampla e eficiente, indicando o melhor tratamento para cada caso específico e a fim de minimizar os efeitos colaterais de cada medicamento ou terapêutica per se. 3

Fica a dica e até o próximo mês!

 

Adilson Costa

 

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