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Os avanços contra uma doença que mata muitos homens

Novos exames e terapias aumentam as chances de derrotar o câncer de próstata com menos efeitos colaterais, destaca urologista durante o Novembro Azul

Por Mauricio Cordeiro*
19 nov 2024, 12h15

O câncer de próstata representa uma das principais causas de morbidade e mortalidade no mundo e espera-se uma duplicação global de casos de 1,4 milhões para 2,9 milhões e um aumento de 85% nas mortes para quase 700 mil até 2040, segundo estudo publicado pela revista médica The Lancet.

Uma série de inovações no diagnóstico e no tratamento das doenças localizada e disseminada são as principais armas e esperança de milhares de pacientes no combate desse tipo de tumor.

No campo dos exames, hoje contamos com a ressonância magnética multiparamétrica, que nos ajuda a detectar com mais eficiência casos que os métodos convencionais não conseguiam. Ela permite identificar lesões suspeitas e pode direcionar uma biópsia combinando suas imagens com as da ultrassonografia, auxiliando na retirada de fragmentos de áreas suspeitas com maior precisão.

A biópsia da próstata, que por décadas foi realizada via transretal, hoje está sendo substituída pela via transperineal, que pode diminuir o risco de complicações como prostatites agudas e a necessidade de tempo prolongado de antibióticos.

No o tratamento cirúrgico da doença, surgiram os procedimentos minimamente invasivos, como a prostatectomia robótica. Essa técnica oferece várias vantagens em comparação com a cirurgia convencional, incluindo menor sangramento, menos dor no pós-operatório, menor tempo de internação hospitalar, uma recuperação mais rápida e retorno às atividades diárias mais precoce.

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A precisão dessa técnica com visualização do campo cirúrgico em 3D pelo cirurgião e pelas pinças articuladas permite realizar uma remoção da próstata preservando maior quantidade de tecidos saudáveis ao redor, o que resulta em resultados funcionais, como a preservação da função sexual e do controle urinário muito mais precoce quando comparada à técnica convencional.

As plataformas robóticas estão auxiliando também no desenvolvimento da telecirurgia (cirurgia a distância). Inclusive, neste ano assistimos a um colega cirurgião estando em Roma operar um paciente em Pequim pela primeira cirurgia transcontinental.

Para pacientes com tumores reduzidos e pouco agressivos, também temos como opção a vigilância ativa. Nela o paciente fará exames e consultas periódicas e poderá esperar, mantendo sua qualidade de vida, até o momento em que seja necessária uma intervenção, seja por cirurgia ou outros métodos, e adiar os efeitos colaterais desses tratamentos.

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Para o tratamento do câncer de próstata não disseminado, novas abordagens, como a terapia focal e a crioterapia, têm permitido tratar a doença localmente em casos selecionados, sem a necessidade de remoção ou irradiação de toda a glândula, de forma minimamente invasiva e com menos efeitos colaterais, como disfunção erétil e incontinência urinária.

A terapia focal pode operar com diferentes fontes de energia térmica, entre as mais empregadas estão a HIFU (High Intensity Focused Ultrasound), que promove aquecimento a partir de ondas de energia acústica que se transformam em energia térmica, e a crioterapia, realizada por congelamento do tumor com gás frio.

Temos ainda em estudo tecnologias como eletroporação irreversível, braquiterapia focal e terapia fotodinâmica. Essas técnicas, porém, ainda não estão sendo empregadas no Brasil, mas o HIFU e a crioterapia, por exemplo, fazem parte do rol de tratamento de vários países já há alguns anos.

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No tratamento da doença disseminada, tem se destacado o uso de testes genômicos, que permitem a identificação de mutações específicas no tumor, possibilitando a escolha de terapias direcionadas que aumentam a eficácia do tratamento com menos efeitos colaterais (a famosa medicina de precisão). Esses novos tratamentos são projetados para atacar mutações genéticas específicas, fatores de crescimento e proteínas que contribuem para o desenvolvimento do tumor.

Ainda no âmbito do tratamento da doença metastática, aquela que se dispersa por outros tecidos, recentemente foi publicado um estudo acerca de um teste sanguíneo baseado na quantidade de células tumorais circulantes em homens com câncer de próstata. A pesquisa avaliou amostras de sangue de homens cujo câncer havia se espalhado para outros órgãos.

Eles foram divididos em três grupos, de acordo com a quantidade de células malignas circulantes. Comparando os resultados, os pesquisadores observaram que o grupo daqueles que apresentavam maior quantidade de células tumorais circulantes tinha mais chances de morrer e não apresentava melhora no controle do tumor mesmo com o tratamento padrão. Isso indica que quando as células malignas se espalham pelo corpo, agrava-se o quadro clínico do paciente.

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E como o câncer de próstata possui maiores chances de cura quando detectado no início, quando em geral não apresenta sintomas, a mensagem importante a ser disseminada neste Novembro Azul é: homens, mantenham seus exames em dia e cultivem bons hábitos de saúde!

A partir dos 50 anos, não deixe de visitar o médico para esclarecer sobre os exames que flagram o câncer de próstata. Se tiver casos na família (pai, irmão ou avô), a visita deve ocorrer a partir dos 45 anos.

* Mauricio Cordeiro é urologista, coordenador da disciplina de Uro-Oncologia da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) e coordenador grupo de Uro-Oncologia da Faculdade de Medicina da USP

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