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O câncer de intestino pode voltar?

Mesmo após um tratamento inicial bem-sucedido, existe o risco de recidiva do câncer, como no caso da cantora Preta Gil; acompanhamento é crucial

Por Helio Antônio Silva*
29 ago 2024, 08h00

O câncer de intestino é uma das neoplasias mais comuns no mundo, e o tratamento primário envolve, geralmente, a ressecção cirúrgica seguida de quimioterapia. No entanto, mesmo após um tratamento inicial bem-sucedido, existe o risco de recidiva do tumor, como foi o caso da cantora Preta Gil, que anunciou recentemente a retomada do tratamento oncológico em razão do surgimento do câncer em dois linfonodos, no peritônio e no ureter.

A recidiva pode ser local, regional ou à distância e representa um grande desafio no manejo desses pacientes. A recidiva local refere-se ao reaparecimento do câncer na área próxima à da cirurgia original. Esse tipo ocorre em aproximadamente 5 a 10% dos casos após a cirurgia de adenocarcinoma de cólon. As principais razões para a recidiva local incluem margens cirúrgicas positivas (quando células tumorais permanecem na borda do tecido removido) e a disseminação microscópica do tumor que não foi detectada e eliminada durante o tratamento inicial.

O tratamento da recidiva local envolve principalmente uma nova cirurgia, se possível, seguida de quimioterapia ou radioterapia. Em casos nos quais a ressecção completa não é viável, pode-se optar por terapias paliativas para aliviar os sintomas.

A recidiva nos linfonodos regionais também é observada em cerca de 5 a 10% dos casos. A presença de linfonodos comprometidos na cirurgia inicial é um fator de risco importante para a recidiva linfonodal. A linfadenectomia (remoção cirúrgica dos linfonodos) é o tratamento padrão quando a recidiva linfonodal é diagnosticada e pode ser seguida de quimioterapia adicional.

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As recidivas à distância são mais comuns e podem ocorrer em órgãos como o fígado, o peritônio e os pulmões. O fígado é o local mais comum de recidiva à distância, com uma incidência de 20 a 30% entre os pacientes que tiveram adenocarcinoma de cólon. O órgão é particularmente vulnerável devido à sua drenagem sanguínea direta do cólon através da veia porta.

A ressecção hepática, quando possível, oferece a melhor chance de cura e pode ser seguida de quimioterapia. Em casos nos quais a cirurgia não é viável, a ablação por radiofrequência, a quimioterapia intra-arterial hepática ou as terapias sistêmicas são opções.

A recidiva peritoneal ocorre em aproximadamente 10 a 15% dos casos. Essa forma pode se manifestar como carcinomatose peritoneal, que é a disseminação difusa das células cancerígenas no revestimento peritoneal. O tratamento inclui cirurgia citorredutora, muitas vezes acompanhada de quimioterapia intraperitoneal hipertérmica (HIPEC). Essa abordagem combinada pode prolongar a sobrevida em alguns pacientes selecionados.

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As taxas de recidiva variam dependendo de vários fatores, incluindo o estágio do tumor inicial, a qualidade da cirurgia e a resposta à quimioterapia. Em média, as recidivas ocorrem em 30 a 40% dos pacientes tratados para adenocarcinoma de cólon. A recidiva é mais comum nos primeiros dois anos após o tratamento e o risco diminui com o passar do tempo.

A recidiva do adenocarcinoma de intestino após tratamento cirúrgico e quimioterapia é uma preocupação significativa. O acompanhamento rigoroso e a detecção precoce são cruciais para seu manejo eficaz. As opções de tratamento variam de acordo com a localização e extensão da recidiva, e a abordagem multidisciplinar é fundamental para melhorar o prognóstico dos pacientes.

*Helio Antônio Silva é coloproctologista, diretor de comunicação da Sociedade Brasileira de Coloproctologia e vice-presidente da Sociedade Mineira de Coloproctologia

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