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Microdoses de Ozempic e Mounjaro para emagrecer: truque genial ou cilada?

Nova onda invadiu as redes sociais, os consultórios e as casas das pessoas. Até que ponto tem o respaldo da ciência e é realmente segura?

Por Carlos Eduardo Barra Couri*
2 dez 2025, 07h30 •
  • Imagine tomar uma dose tão pequena de um medicamento que ele quase nem parece estar ali. E essa estratégia ainda traz a promessa de ajudar você a perder peso sem qualquer efeito colateral nem pesar no bolso. Parece bom demais para ser verdade? Pois isso é o que vem acontecendo com os remédios Ozempic e Mounjaro, as canetas de aplicação semanal para tratamento da obesidade e do diabetes.

    A nova tendência — e motivo de alerta — é o uso dessas substâncias em microdoses, algo que vem se espalhando de forma silenciosa entre pessoas que desejam perder alguns quilos ou manter o peso alcançado.

    Mas o que está por trás dessa tática que muitos consideram “mais segura” e “mais leve”? A ciência ainda não tem todas as respostas — e isso, por si só, já acende um sinal vermelho.

    Esses medicamentos foram criados originalmente para tratar o diabetes tipo 2. Eles imitam um hormônio produzido no intestino chamado GLP-1 (no caso do Ozempic e Wegovy) ou GLP-1 e GIP (no caso do Mounjaro), que, por sua vez, controlam a glicose no sangue, reduzem o apetite, retardam o esvaziamento do estômago, gerando uma sensação de saciedade por mais tempo e diminuindo a gordura corporal.

    De forma simplificada: você sente menos fome, come menos e, com o tempo, perde peso. É por isso que esses remédios também passaram a ser usados no tratamento da obesidade, com prescrição médica, doses ajustadas e acompanhamento regular.

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    Diante dos efeitos colaterais comuns (como náuseas e desconforto intestinal) e dos preços elevados dessas drogas, surgiu uma “gambiarra moderna”: usar doses menores do que as indicadas oficialmente — as tais microdoses.

    A ideia é “driblar” as reações adversas, economizar e ainda assim obter os benefícios da perda de peso. Para isso, algumas pessoas dividem a caneta injetável em aplicações menores ou utilizam versões manipuladas desses medicamentos.

    Parece um plano engenhoso, mas há um grande problema: essa estratégia não tem respaldo científico nem aprovação dos órgãos de saúde.

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    A microdosagem desses medicamentos levanta várias preocupações entre especialistas. A primeira é que simplesmente faltam comprovações científicas. Não existem estudos sérios que confirmem que as microdoses realmente funcionam ou que sejam seguras. Estamos falando de uma prática sem base, que mais parece um experimento pessoal do que um tratamento validado.

    Outro ponto é a dose incerta com efeito duvidoso: ao dividir a caneta ou usar produtos manipulados, a pessoa corre o risco de aplicar doses incorretas — ou muito baixas para ter algum efeito ou com variação de concentração. Isso compromete a eficácia do tratamento e pode causar reações inesperadas.

    Isso tudo em meio a grandes fraudes de produtos manipulados que naturalmente são menos controlados do que os industrializados e aprovados pela Anvisa e demais órgãos regulatórios. Medicamentos manipulados não passam pelos mesmos testes de qualidade, estabilidade e segurança dos produtos industriais. Isso significa mais risco de contaminação, falhas na fórmula ou inconsistência na dose.

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    É compreensível querer uma forma “mais leve” de emagrecer. As promessas das microdoses seduzem: perder peso  sem mal-estar, gastando menos. Mas é importante lembrar que, no campo da saúde, atalhos podem se transformar em armadilhas.

    Quando se trata de medicamentos potentes antiobesidade, usar doses fora do padrão é brincar com o desconhecido. Além disso, essa prática alimenta um mercado paralelo de promessas fáceis e soluções improvisadas, muitas vezes sem nenhum controle de qualidade.

    Em vez de seguir uma tendência que pode colocar sua saúde em risco, prefira o caminho do cuidado bem acompanhado. Porque, no fim das contas, a única coisa que realmente emagrece com um atalho mal escolhido é a sua segurança.

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    * Carlos Eduardo Barra Couri é endocrinologista, pesquisador da USP de Ribeirão Preto e coordenador científico do Endodebate

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