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Internações por infarto em pessoas com menos de 40 anos aumentam 150%

Aumento se refere ao período de 2000 a 2024, de acordo com registros do Ministério da Saúde; no grupo de 35 a 39 anos, incremento foi de 80%

Por Agnaldo Piscopo*
11 nov 2025, 08h00

O que antes era apenas percebido nos consultórios de cardiologia foi confirmado por estatísticas oficiais: o Brasil registra um crescimento exponencial de casos de infarto em jovens. De acordo com informações do Ministério da Saúde tabuladas pela Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp), houve um aumento de 150% nas internações por infarto em indivíduos abaixo dos 40 anos entre 2000 e 2024, passando de dois para cinco casos a cada 100 mil habitantes.

Somente entre 2022 e 2024 foram contabilizados mais de 234 mil atendimentos por infarto nessa faixa etária, demonstrando que a doença deixou de ser rara em jovens. No grupo de 35 a 39 anos, os episódios cresceram 80% e, mesmo em idades mais precoces (25 a 29 anos), os números vêm aumentando.

Embora a mortalidade global do infarto seja mais elevada em idosos, há uma particularidade: em pessoas mais jovens, o evento pode ser mais fatal nas primeiras horas. Isso ocorre porque os pacientes mais velhos, em geral, apresentam placas crônicas e calcificadas nas artérias coronárias, o que favorece o desenvolvimento da chamada circulação colateral — pequenos vasos que garantem irrigação alternativa ao coração. Já nos jovens, sem essa rede de proteção, a obstrução súbita das artérias coronárias tende a ser mais agressiva e letal.

Vapes: o novo inimigo silencioso

Entre os fatores que impulsionam o aumento de casos de infarto, destaca-se o uso crescente de cigarros eletrônicos (vapes), sobretudo entre adolescentes. Esses dispositivos, muitas vezes disfarçados em formatos de pendrives, canetas ou batons, são comercializados com aromas e sabores atrativos que passam a falsa impressão de inofensividade. No entanto, os níveis de nicotina encontrados em usuários equivalem a fumar 20 cigarros convencionais por dia.

A nicotina promove liberação de adrenalina, aumentando a frequência cardíaca, a pressão arterial e a demanda de oxigênio pelo coração. Fumantes têm risco de morte súbita até quatro vezes maior que não fumantes. Segundo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) — Enlaçando a próxima geração: como a indústria do tabaco captura novos clientes — estima-se que 37 milhões de adolescentes, entre 13 e 15 anos, consumam tabaco no mundo. A maioria dos adultos fumantes iniciou o hábito antes dos 21 anos.

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Além do tabaco, outros hábitos influenciam diretamente o aumento das doenças cardiovasculares em jovens. Entre eles, o sedentarismo, uso de anabolizantes e hormônios para ganho de performance, alimentação inadequada e obesidade, consumo excessivo de álcool, estresse contínuo e privação do sono. Muitos jovens também deixam de realizar exames preventivos que poderiam identificar precocemente colesterol elevado, hipertensão e diabetes o que possibilitaria tratamentos, minimizando ocorrências mais graves.

Outro agravante é a escassez de cardiologistas nas emergências, tanto no setor público — que atende cerca de 75% da população — quanto no privado. Essa falta de especialistas pode levar a diagnósticos tardios e condutas inadequadas, favorecendo piores desfechos clínicos.

Cirurgias eletivas

Outro reflexo da crescente demanda em saúde cardiovascular é o aumento das cirurgias cardíacas. O Sistema Único de Saúde (SUS) registrou elevação histórica de procedimentos eletivos, ranking que inclui intervenções prioritárias, como as do coração. Em 2024, o SUS realizou 13,6 milhões de procedimentos eletivos, o maior número da história, representando um crescimento de 10,8% em relação a 2023 e de 32% em relação a 2022.

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No acumulado de 2022 a 2024, foram 1,57 milhão de procedimentos adicionais, correspondendo a um acréscimo de 42%. Esses números refletem não apenas a demanda reprimida durante a pandemia de covid-19, mas possíveis consequências da própria infecção, já que os processos inflamatórios desencadeados pelo novo coronavírus elevam a probabilidade de eventos cardiovasculares, inclusive em jovens sem fatores de risco clássicos.

Prevenção

Apesar do cenário preocupante, é importante destacar que as doenças cardiovasculares podem ser prevenidas e controladas para conter o avanço dos infartos em jovens no Brasil.

A conscientização é o melhor caminho e, por isso, evitar o tabagismo de qualquer tipo, manter uma alimentação saudável, praticar atividade física regular, controlar fatores de risco como colesterol, pressão arterial e glicemia são ações que evitam riscos cardíacos e contribuem para um estilo e vida mais saudável.

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*Agnaldo Piscopo é cardiologista e diretor da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp)

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