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Insuficiência cardíaca: conhecer para minimizar seus impactos

Condição é grave e afeta 3 milhões de brasileiros. Com diagnóstico e tratamento adequados, é possível conter sua progressão e manter a qualidade de vida

Por Múcio Tavares de Oliveira Junior*
16 jul 2024, 08h00

Algumas doenças cardiovasculares merecem atenção redobrada por parte de médicos e pacientes devido à alta incidência entre a população e sua letalidade. É o caso da insuficiência cardíaca. Estudos internacionais indicam que até 2% dos indivíduos no mundo são acometidos, sendo que a incidência, após os 75 anos, aumenta para 10%. No Brasil, seriam 3 milhões de pessoas impactadas.

Ela é caracterizada pela incapacidade do coração de bombear sangue em quantidade suficiente para atender as necessidades do corpo. Entre as causas da insuficiência cardíaca estão sequelas de infarto, diabetes, hipertensão, patologias que afetam as válvulas do coração, doenças autoimunes, infecções diversas (incluindo Covid-19), inflamação no músculo cardíaco (miocardite), alcoolismo, doença de Chagas, obesidade, intoxicação por medicamentos…

Os sintomas incluem sensação de cansaço, suor frio, falta de ar, tonturas, coração acelerado, tosse, perda de apetite, palidez e inchaço nas pernas, pés e abdômen.

Trata-se de uma doença gravíssima cuja mortalidade supera muitos tipos de câncer. Após o diagnóstico, a sobrevida média dos portadores é de 50% em cinco anos e, nas fases avançadas da doença, é de 50% em um ano.

Dados recentes revelam que nos Estados Unidos a tendência de morte – que estava em descendência – voltou a se elevar. A doença também colabora para internações, principalmente em pacientes acima de 65 anos. E as reinternações são elevadas: 25% dos que recebem alta voltam a ser hospitalizados em 60 dias e 50% em até seis meses.

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No mês de julho, mais especificamente no dia 9 – data de nascimento do médico e cientista brasileiro Carlos Chagas – temos o Dia Nacional de Alerta Contra a Insuficiência Cardíaca. A data foi escolhida propositalmente: Chagas é reconhecido por suas contribuições para a medicina tropical, em particular devido à descoberta da doença de Chagas, responsável por uma série de complicações cardíacas, incluindo a cardiomiopatia chagásica, que pode levar à insuficiência cardíaca.

Por essa razão, a Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) aproveita a efeméride para promover, ao longo do mês, ações voltadas à conscientização da população e ampliação do conhecimento dos profissionais de saúde a respeito.

Para minimizar a incidência e os danos provocados pela patologia, a entidade ainda criou o Projeto Insuficiência Cardíaca, constituído por um conjunto de cursos para capacitar médicos, enfermeiros, farmacêuticos e demais profissionais com nível superior de escolaridade.

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O projeto visa aprimorar o atendimento dos pacientes com a doença, com proposta de manejo ideal, que respeite as características dos distintos municípios e colabore para diminuir a mortalidade, cuja redução foi considerada incipiente na última década no estado paulista. Não à toa, ganhou adesão do Conselho de Secretários Municipais de Saúde/SP (COSEMS).

Diante da prevalência do problema e do desconhecimento da sociedade, é preciso expandir os mecanismos de prevenção, diagnóstico precoce e tratamento adequado.

O desenvolvimento de novos métodos diagnósticos e medicamentos – além de cirurgias, como transplante e implante de dispositivos para auxiliar a função cardíaca – tem contribuído satisfatoriamente para o quadro dos pacientes.

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Mas, vale lembrar, a identificação quanto antes é a nossa maior aliada: quanto mais cedo se fecha o veredicto, maiores as chances de recuperação. O tratamento correto é capaz de transformar um prognóstico ruim em mais qualidade de vida e menos adversidades pela frente.

* Múcio Tavares de Oliveira Junior é cardiologista e coordenador do Projeto Insuficiência Cardíaca da SOCESP – Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo

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