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Futuro da Oncologia: avanço em terapias combinadas e o papel da tecnologia

Congresso Anual da Sociedade Europeia de Medicina Oncológica apresentou novidades que estão moldando o futuro do combate ao câncer

Por Carlos Gil Ferreira*
26 set 2024, 09h00

O cenário da oncologia está passando por uma transformação sem precedentes, impulsionada por novas terapias e o uso crescente de tecnologia. O Congresso Anual da Sociedade Europeia de Medicina Oncológica (ESMO) 2024, realizado em Barcelona, reforçou o que nós, especialistas, já vínhamos observando nos últimos anos: a personalização dos tratamentos e as terapias combinadas estão moldando o futuro do combate ao câncer.

A combinação de imunoterápicos com outras abordagens tem mostrado resultados surpreendentes e são, sem dúvida, o grande destaque. Ao unir diferentes tipos de medicamentos que atuam em sinergia, estamos abrindo novas frentes de combate a tumores considerados difíceis de tratar, como no caso do câncer de bexiga músculo-invasivo.

O estudo NIAGARA demonstrou que a combinação de durvalumabe com quimioterapia reduziu em 25% o risco de morte, um avanço significativo para pacientes que antes tinham poucas opções de tratamento. Outro exemplo promissor vem do tratamento do carcinoma tímico avançado, uma doença rara e resistente. A combinação de lenvatinibe e pembrolizumabe, apresentada no estudo PECATI, mostrou-se eficaz em pacientes que já haviam falhado em tratamentos anteriores.

Isso reforça a importância de continuar investindo em pesquisas que explorem novas associações de drogas, oferecendo esperança para casos que antes eram considerados sem solução.

A humanização do cuidado e a amamentação pós-câncer

Um dos grandes desafios da oncologia moderna é não apenas curar o câncer, mas também melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Nesse sentido, as descobertas relacionadas à amamentação após o tratamento do câncer de mama são um marco importante.

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Durante a ESMO 2024, dois estudos independentes revelaram que amamentar não aumenta o risco de recorrência da doença, o que traz uma tranquilidade imensa para as mulheres que desejam ser mães após a cura. Essas descobertas mostram que podemos – e devemos – olhar além da doença, oferecendo suporte integral às pacientes, de forma a restaurar sua vida e bem-estar em toda sua jornada.

Conjugados anticorpo-droga: um novo horizonte na oncologia

Nos últimos anos, outra área que tem ganhado relevância é a dos conjugados anticorpo-droga (ADCs). Esses tratamentos, que unem a capacidade de direcionamento dos anticorpos com a força de drogas quimioterápicas, têm mostrado grande eficácia, especialmente em casos de metástases cerebrais, como vimos no estudo DESTINY-Breast12, focado no câncer de mama HER2 positivo.

O impacto dessas novas abordagens é claro: pacientes com metástases cerebrais, que tradicionalmente tinham poucas opções de tratamento, agora podem contar com terapias mais direcionadas e menos invasivas.

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O papel da tecnologia no tratamento personalizado

Mas, se por um lado as terapias combinadas e os ADCs estão revolucionando o tratamento oncológico, por outro, a tecnologia está redefinindo como encaramos o futuro da medicina.

Durante a ESMO 2024, ficou evidente que a inteligência artificial (IA) desempenhará um papel central na oncologia nos próximos anos. O projeto I3LUNG, financiado pela União Europeia e do qual a MedSir, parceira da Oncoclínicas, faz parte, é um exemplo claro disso.

A ideia de usar IA para personalizar tratamentos de câncer de pulmão é uma revolução silenciosa, que aos poucos se tornará parte do nosso dia a dia clínico. Ao integrar dados clínicos e biológicos, a IA tem o potencial de aumentar a precisão terapêutica, oferecendo soluções cada vez mais individualizadas para cada paciente.

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O Brasil no cenário global de inovação oncológica

Fico particularmente orgulhoso de ver o Brasil marcando presença de forma tão expressiva em um evento global como a ESMO. A Oncoclínicas apresentou 12 estudos, mostrando que o país não está apenas acompanhando as inovações, mas também gerando conhecimento relevante para a comunidade científica internacional.

É fundamental que continuemos a investir em pesquisa, garantindo que as descobertas feitas lá fora sejam aplicadas aqui com agilidade e eficiência.
O futuro da oncologia é promissor. Combinando as novas terapias com o uso da inteligência artificial, estamos criando um panorama mais otimista para os pacientes.

Porém, é importante lembrar que o progresso não é apenas científico. É necessário que avancemos também na personalização do cuidado, colocando o paciente no centro de tudo. Só assim conseguiremos vencer o câncer de forma definitiva: com ciência, tecnologia e, acima de tudo, humanidade.

* Carlos Gil Ferreira é oncologista, diretor médico da Oncoclínicas e presidente do Instituto Oncoclínicas

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