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FIV com triagem genética: estaremos diante do novo padrão para engravidar?

Pesquisadores acreditam que, com o advento do teste genético pré-implantacional, padrão que as pessoas vão escolher para ter filho vai mudar radicalmente

Por Rodrigo Rosa*
17 nov 2025, 08h00

Nos últimos anos, avançamos de forma significativa nos modelos de reprodução assistida e, hoje, há uma crescente disponibilidade de exames genéticos avançados que permitem avaliar embriões antes de sua implantação.

Os chamados testes genéticos pré-implantacionais (PGT) permitem analisar os embriões antes da transferência para o útero. Eles podem identificar alterações cromossômicas que atrapalham a implantação ou causam abortos, detectar doenças hereditárias graves e, mais recentemente, até estimar riscos futuros para condições comuns, como diabetes e doenças cardíacas.

Com essa possibilidade, seria possível evitar a transmissão de doenças genéticas graves e melhorar as chances de gravidez em certas situações clínicas de alto risco genético.

Com uma série de avanços sobre esses testes no mundo e a expectativa de que se tornem mais acessíveis, há uma especulação de que a forma padrão que as pessoas vão escolher para engravidar, no futuro, mudará. Nessa visão, mesmo sem necessidade clara, casais escolheriam a fertilização in vitro com teste genético pré-implantacional, a fim de mitigar riscos de doenças que podem ser evitadas nos filhos.

Apesar das promessas, há lacunas importantes. Primeiro, pois o risco poligênico não é determinístico: um escore de risco “menor” para uma condição não significa ausência de risco, nem garantia de que a criança não venha a desenvolver a doença. Ambiente, estilo de vida, interações genéticas ainda têm papel decisivo.

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Outra questão a ser analisada é base de dados: muitos estudos e modelos de escore de risco poligênico se baseiam em populações de ascendência europeia, e sua aplicabilidade para populações como a brasileira pode ser muito limitada ou apresentar vieses.

Além disso, há preocupações éticas significativas, ao potencialmente estigmatizar doenças que podem ser evitadas e representar uma forma de eugenia.

Com base na literatura e na prática clínica, considero que os testes genéticos pré-implantacionais ou a triagem genômica completa de embriões se justificam sobretudo quando: há risco elevado de doença genética hereditária comprovada; a paciente apresenta repetidos abortos ou falhas de implantação inexplicadas (com suspeita de aneuploidia); há o desejo de evitar doenças monogênicas graves, com impacto clínico claro, e há apoio genético e psicológico para interpretação.

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Em contraste, usar essas tecnologias apenas para “gerar o embrião ideal”, sem clareza sobre limitações, pode criar expectativas irreais.

Os testes genéticos pré-implantacionais e a triagem genômica completa de embriões representam um avanço notável. No entanto, ainda estamos longe de poder afirmar que eles poderão mudar fundamentalmente a forma como todos concebem e engravidam. Promessas de “óvulo perfeito”, de “embrião ideal” ou de seleção preventiva de todos os males genéticos ainda não têm suporte robusto.

No consultório, vejo diariamente casais que carregam sonhos, medos e expectativas. A ciência nos oferece ferramentas poderosas, mas é fundamental lembrar que gerar uma vida vai além de probabilidades e estatísticas. O futuro da reprodução assistida não deve ser baseado apenas na seleção de genes, mas sobre acolher histórias e construir caminhos possíveis para famílias que desejam um filho saudável.

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*Rodrigo Rosa é ginecologista obstetra especialista em reprodução humana e sócio-fundador e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo, e do Mater Lab, laboratório de reprodução humana. É membro da Associação Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH)

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