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Exames de sangue para o Alzheimer: uma nova era no diagnóstico

Aprovação de novo teste nos Estados Unidos exemplifica busca e desenvolvimento de biomarcadores que viabilizam a detecção e intervenção precoce

Por Diogo Haddad*
14 jul 2025, 07h00

A doença de Alzheimer representa um dos maiores desafios de saúde pública da atualidade. Estima-se que mais de 1,2 milhão de brasileiros viva com algum tipo de demência, sendo o Alzheimer responsável por cerca de 70% desses casos. O envelhecimento populacional tende a ampliar esse cenário, com projeções alarmantes de crescimento nas próximas décadas.

No Brasil, a identificação precoce da doença ainda é um entrave, devido ao acesso limitado a ferramentas diagnósticas robustas, à sobreposição clínica com outras causas de declínio cognitivo e ao próprio conhecimento tanto da população quanto da classe médica a respeito de queixas cognitivas e o quanto representam.

Nesse contexto, o recente anúncio da primeira aprovação pelo FDA de um teste sanguíneo para detecção de biomarcadores de Alzheimer marca um avanço histórico. O Lumipulse G pTau217/β-Amiloide 1-42 Plasma Ratio, da Fujirebio Diagnostics, foi recentemente aprovado nos EUA e oferece uma alternativa menos invasiva e mais acessível aos métodos tradicionais.

Por que isso importa tanto?

Até recentemente, a confirmação da presença de placas de β-amiloide – um dos principais marcadores neuropatológicos da doença – só era possível por esses exames, PET Scan ou por análise de líquido cefalorraquidiano (LCR). Ambos os métodos, embora eficazes, são caros, limitados a centros especializados e envolvem desconforto para o paciente.

A falta de acesso a esses exames comprometia a definição diagnóstica, gerando taxas de erro acima de 25% entre pacientes com queixas cognitivas em serviços especializados. Se levarmos em consideração o serviço publico brasileiro essa taxa, seja para subdiagnóstico (que no Brasil gira em torno de 77%), quanto para erros diagnósticos mesmo tendem a ser muito mais altas.

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Com o surgimento das terapias antiamiloide, como lecanemabe (Leqembi) e donanemabe (Kisunla), que oferecem benefícios discretos, mas relevantes em fases iniciais da doença, torna-se indispensável confirmar a presença da patologia-alvo. O novo teste sanguíneo surge, portanto, como ferramenta de triagem para pacientes sintomáticos a partir de 50 anos, podendo indicar ou descartar com boa acurácia a necessidade de exames confirmatórios mais complexos.

Por trás da aprovação

O ensaio clínico de validação do teste, avaliado em 499 indivíduos com comprometimento cognitivo e diagnóstico prévio por PET ou LCR, obteve sensibilidade de 92% e especificidade de 97% nos extremos da faixa de corte. Cerca de 20% dos pacientes permanecem em zona cinzenta, exigindo avaliação adicional. Ainda assim, trata-se de uma taxa de desempenho altamente competitiva em relação aos métodos consagrados, o que fundamentou sua aprovação pelo FDA.

Importante ressaltar que este é um teste para detecção biológica da doença – e não um diagnóstico clínico isolado. A aplicação indiscriminada, especialmente por profissionais não familiarizados com avaliação cognitiva, pode gerar ansiedade e diagnósticos equivocados. A Academia Brasileira de Neurologia e grupos internacionais de especialistas já trabalham em diretrizes clínicas para orientar seu uso seguro e eficaz.

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A aprovação deste teste também tem implicações econômicas e logísticas: sendo o primeiro biomarcador plasmático autorizado pelo FDA, ele deve ser o primeiro a receber cobertura pelo Medicare, o que tradicionalmente abre caminho para cobertura por planos privados. O custo estimado gira em torno de algumas centenas de dólares, o que pode viabilizar sua utilização mais ampla em centros CLIA-certificados e, futuramente, em sistemas públicos de saúde fora dos EUA.

No Brasil, o desafio será incorporar esta inovação com responsabilidade, garantindo formação adequada de profissionais, protocolos bem definidos e equidade no acesso, seja pelo SUS ou pela ANS. Mas, a direção é promissora: estamos à beira de uma transformação diagnóstica que poderá antecipar intervenções, melhorar o planejamento familiar e – talvez no futuro – modificar o curso da doença.

* Diogo Haddad é neurologista, head do Centro Especializado em Neurologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo

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