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E agora? Desafios do Brasil para manter as boas notícias sobre vacinação

Brasil deixa a lista dos 20 países com mais crianças sem nenhuma dose da vacina, avanço importante mas que ainda requer atenção

Por *Renato de Ávila Kfouri
23 jul 2024, 12h36

Em 2023 o Brasil apresentou um importante avanço na imunização das crianças, fazendo com que nosso País deixasse a triste posição que figurávamos entre as 20 nações com mais crianças não vacinadas no mundo. A constatação foi baseada num estudo global realizado em 185 países pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e a Organização Mundial da Saúde (OMS).

O indicador chave para a avaliação foi a vacina quíntupla que protege contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e meningite por Haemophilus. Segundo a pesquisa, o número de crianças brasileiras que não recebeu uma dose sequer da vacina caiu de 710 mil em 2021 para 103 mil em 2023. Para o esquema completo da vacinação no primeiro ano de vida, o número de não vacinados reduziu, no mesmo período, de 846 mil para 257 mil.

Em relação ao sarampo, a cobertura da primeira dose da vacina aumentou para 83% em 2022, em comparação com 81% em 2021, mas permaneceu abaixo dos 86% alcançados em 2019. Como resultado, no ano passado, 21,9 milhões de crianças em todo o mundo não receberam a vacinação rotineira contra o sarampo em seu primeiro ano de vida – 2,7 milhões a mais do que em 2019 –, enquanto outros 13,3 milhões não receberam a segunda dose, colocando crianças em comunidades com baixa cobertura vacinal em risco de surtos. No Brasil, a cobertura vacinal para o sarampo chegou a 81% – melhores que a cifra de 73% em 2021, mas ainda aquém dos 91% em 2019.

Boas notícias

A boa notícia é que 14 das 16 vacinas do calendário infantil também apresentaram recuperação nas taxas de vacinação, pondo fim na longa trajetória de queda nas coberturas vacinas registradas na última década e agravada pela pandemia.

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Infelizmente, não só no Brasil, mas em todo o mundo, a recuperação da imunização não ocorreu de forma homogênea e igualitária, já que a melhoria foi concentrada em algumas regiões e em alguns países. O progresso em nações com grandes populações de bebês, como Índia e Indonésia, mascara uma recuperação mais lenta ou até mesmo declínios contínuos em países de baixa renda, especialmente na vacinação contra o sarampo.

Importante lembrar que bolsões de baixas coberturas vacinais trazem preocupações, já que propiciam a circulação de agentes infecciosos com consequente reaparecimento de doenças já controladas, colocando em risco não só na região afetada, mas com potencial de disseminação global.

Desafios

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Esses são avanços que precisam e devem ser comemorados, fruto de um contínuo esforço dos serviços de saúde e vacinação das mais de 35 mil salas do Brasil, porém, ainda estamos aquém das metas propostas pelos organismos internacionais e pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI).

É necessário continuar avançando ainda mais rapidamente, para que continuemos livres de doenças já controladas, inclusive aquelas que já foram eliminadas como o sarampo, a rubéola e o tétano neonatal. Para isso, é preciso um constante compromisso em aumentar o financiamento para restaurar os serviços de vacinação, desenvolver políticas para recuperar atrasos vacinais, fortalecer a atenção primária, inclusive os sistemas de saúde comunitários.

Fundamental construir e sustentar a confiança e a aceitação das vacinas, com uma comunicação efetiva, combatendo a desinformação e com engajamento de todos, num grande pacto entre a população e profissionais da saúde.

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*Renato de Ávila Kfouri é médico infectologista, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e pediatra, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)

 

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