Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês
Imagem Blog

Letra de Médico

Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Orientações médicas e textos de saúde assinados por profissionais de primeira linha do Brasil
Continua após publicidade

Disforia de gênero: um desafio vivenciado pela comunidade trans

No Dia da Visibilidade Trans, especialista explica os principais sofrimentos dessas pessoas e defende mais preparo do sistema de saúde para atendê-las

Por Thiago Caetano*
Atualizado em 8 Maio 2024, 16h33 - Publicado em 29 jan 2024, 08h00

A data de 29 de janeiro vem nos lembrar da existência de uma população que foi, por muitos anos, deixada à margem das políticas públicas de saúde. O objetivo deste dia é promover a conscientização sobre os desafios e as conquistas das pessoas transgênero na sociedade. Além disso, busca-se combater o preconceito, a discriminação e a violência que afetam essa comunidade, lutando por igualdade de direitos e oportunidades.

Gênero é a construção social que se faz, principalmente nos primeiros anos de vida, ao redor dos papéis que homens e mulheres desempenham na vida e na sociedade. A pessoa trans é aquela cuja percepção de gênero é oposta ao seu sexo biológico, determinado ao nascimento.

Ser transgênero já foi considerado doença e, desde 2019, a Organização Mundial de Saúde (OMS) retirou a transexualidade como transtorno mental da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-11).

Viver em um corpo que não corresponde ao seu próprio gênero pode ser motivo de sofrimento, muitas vezes intenso. Sentimentos como tristeza, raiva e culpa compõem o que se denomina “disforia de gênero”. Trata-se de um estado de profundo incômodo e infelicidade que acomete grande parte da população trans, em diversos momentos de suas vidas. É importante destacar que a disforia de gênero não é uma doença mental.

Uma pessoa trans pode optar por fazer cirurgias como parte do processo de transição de gênero, o que é uma experiência individual e única para cada pessoa. A decisão de realizar procedimentos cirúrgicos está relacionada ao alinhamento do corpo com o gênero. Existem algumas razões comuns pelas quais uma pessoa trans pode escolher se submeter a eles: alinhamento com a identidade de gênero, bem-estar psicológico e social e redução da disforia.

Continua após a publicidade

+ LEIA TAMBÉM: Como é o processo de afirmação de gênero

Procedimentos como feminização facial, tireoplastia (redução do pomo de Adão), mamoplastia de aumento e redesignação sexual feminizante (transformação do pênis e testículos em vagina e vulva) são bastante desejados por mulheres trans. Já homens trans frequentemente procuram por procedimentos como a mastectomia masculinizante (retirada de tecido mamário). Vale destacar que, ao se submeter a cirurgia de redesignação sexual, a pessoa precisa ser acompanhada por uma equipe multidisciplinar tanto no pré como no pós-cirúrgico.

Embora cada pessoa trans seja única e suas experiências variem, alguns estudos internacionais indicam benefícios significativos para a qualidade de vida após essas cirurgias. Antes do procedimento, mais de 50% das pessoas trans classificam sua qualidade de vida sexual como ruim.

Uma pesquisa sueca que avaliou 190 pacientes submetidas à redesignação sexual entre 2003 e 2015 observou aumento no bem-estar geral – e o mesmo aconteceu de maneira precoce no pós-operatório. Houve aumento de 5% na funcionalidade social e na qualidade da saúde mental e de 4% na vitalidade dos pacientes.

Continua após a publicidade

Procedimentos de afirmação de gênero, conforme demonstrado em revisões sistemáticas recentes da literatura, podem ajudar a diminuir a disforia, contribuem para aumento na autoestima e autoaceitação e reduzem sintomas de ansiedade, depressão e estresse pós-traumático.

Outro ponto importante é que a pessoa trans tem o direito de requerer, a qualquer momento, a inclusão do seu nome social em documentos oficiais, prontuários e demais formulários. Além disso, maiores de 18 anos podem requerer a retificação do nome e do gênero na certidão de nascimento em cartório.

Hospitais preparados para lidar com essas necessidades devem oferecer atendimento cada vez mais humanizado, individualizado e com qualidade e segurança aos pacientes. É crucial que os profissionais de saúde recebam treinamento adequado sobre as questões enfrentadas por pacientes trans, evitando julgamentos, pré-conceitos e discriminação.

Continua após a publicidade

Isso abrange desde o entendimento das questões de saúde mental relacionadas à identidade de gênero até a competência cultural para lidar com uma população diversificada. Criar um ambiente acolhedor é essencial para o bem-estar emocional e físico dessas pessoas.

A capacidade de viver de acordo com a identidade de gênero desejada, após tratamentos de afirmação de gênero, permite que as pessoas trans participem mais plenamente na sociedade, sem as barreiras que a disforia de gênero impõe.

*  Thiago Caetano é urologista e cirurgião em afirmação de gênero do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo

Compartilhe essa matéria via:
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Veja e Vote.

A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

OFERTA
VEJA E VOTE

Digital Veja e Vote
Digital Veja e Vote

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

1 Mês por 4,00

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.