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Com morte de bebê após três anos sem óbitos, coqueluche demanda vacinação

Criança de seis meses vivia em Londrina; baixa cobertura vacinal impacta diretamente na imunidade coletiva da população

Por Carolina dos Santos Lázari*
30 jul 2024, 17h21

A coqueluche, anteriormente controlada no Brasil, ressurgiu de forma preocupante. Nesta segunda-feira, 29, a Secretaria de Estado da Saúde do Paraná registrou a morte de um bebê de seis meses que vivia na cidade de Londrina, evidenciando um problema de saúde pública que se acreditava superado. Esta é a primeira morte registrada após três anos sem óbitos pela doença no Brasil, segundo o Ministério da Saúde.

O principal fator para esse retorno é a baixa cobertura vacinal, que se acentuou durante a pandemia de Covid-19, impactando diretamente na imunidade coletiva da população. Dados da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) revelam que, na região das Américas, a cobertura vacinal contra a coqueluche foi de apenas 80% em 2021, o índice mais baixo registrado nos últimos 20 anos.

O esquema básico de imunização contra a coqueluche deve ser administrado no primeiro ano de vida com doses aos dois, quatro e seis meses. O reforço dessa vacina deve ocorrer aos 15 meses e aos quatro anos, conforme o esquema oficial do Programa Nacional de Imunizações (PNI). A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) recomenda, ainda, mais um reforço na pré-adolescência, entre 9 e 11 anos, com a vacina tríplice bacteriana do adulto (dTpa).

A falta de vacinação adequada não se restringe apenas ao esquema básico, mas também aos reforços, essenciais para manter a proteção contra a doença. O aumento dos casos ocorre principalmente entre menores de um ano, que não completaram o esquema básico, e entre pré-adolescentes e adolescentes que não receberam os reforços recomendados.

A coqueluche é uma doença bacteriana transmitida de pessoa para pessoa por meio de gotículas de secreção respiratória. Os sintomas iniciais surgem entre sete a dez dias após a infecção, começando com sinais semelhantes a uma infecção respiratória comum: febre leve, coriza e tosse seca. Contudo, a tosse evolui para uma intensidade maior, com episódios longos e frequentes que podem levar a esforços intensos para respirar, especialmente em crianças pequenas. Esse padrão de tosse é característico da doença e pode incluir um som estridente ao puxar o ar após um acesso de tosse.

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Em crianças menores de um ano, a coqueluche pode levar a complicações graves, como insuficiência respiratória e pneumonia secundária. Em crianças mais velhas e adolescentes que não receberam os reforços vacinais, a doença pode apresentar sintomas menos característicos, dificultando o diagnóstico e aumentando o risco de disseminação.

Para conter esse avanço é fundamental reforçar a importância da vacinação. A queda na cobertura vacinal durante a pandemia mostrou-se um fator crítico para o retorno da doença, destacando a necessidade de campanhas de conscientização e acesso facilitado às vacinas. Apenas com a adesão ao calendário vacinal completo e seus reforços será possível garantir a proteção de toda a população, evitando tragédias que podem ser prevenidas.

*Carolina dos Santos Lázari é médica infectologista e patologista clínica membro da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML)

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