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Cirurgia e intervenção estética: o risco de profissionais sem qualificação

Além de saber prevenir, médico habilitado tem conhecimento para resolver determinados problemas que possam advir do procedimento

Por Daniel Botelho*
Atualizado em 13 Maio 2024, 22h33 - Publicado em 25 ago 2023, 16h20

Nos últimos anos, temos assistido a profissionais não médicos realizando desde procedimentos estéticos injetáveis, com preenchimentos com produtos não certificados em diversas regiões do corpo, até lipoaspirações. Muitos deles não têm conhecimento anatômico e, em muitos casos, não sabem e nem podem lidar com possíveis intercorrências.

Dessa forma, a realização de procedimentos e cirurgias estéticas com profissionais sem a devida qualificação representa um grande risco para a saúde e a segurança do paciente.

Além de um mau resultado, estamos falando de questões como intoxicações anestésicas, necrose de tecidos, cegueira irreversível e até acidente vascular cerebral (AVC) com, inclusive, possibilidade de levar o paciente a óbito. Quanto mais invasivo for o procedimento, maior a chance de complicações.

Hoje, a população tem muito acesso aos procedimentos estéticos, principalmente por meio das informações na internet e nas redes sociais. Mas o código de ética médica atual priva os médicos de sua comunicação, de forma que não temos liberdade para as postagens dos resultados, o que deixa os pacientes mais expostos a profissionais menos capacitados. A proibição de postar fotos de antes e depois também prejudica o paciente. Isso exige que ele tenha que pagar a consulta para descobrir se os resultados do cirurgião lhe agradam e se o médico possui experiência com a cirurgia que ele deseja ou com seu biotipo.

Não queremos falar do que os outros fazem de errado, mas daquilo que nós, médicos, fazemos bem. Lutamos pela liberdade na comunicação médica para que o paciente tenha a real liberdade de escolha entre um profissional ou outro.

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A rede social não é um mal que deve ser podado. Na verdade, precisamos dar acesso aos dois lados, para que bons profissionais possam mostrar o seu trabalho. Assim, essas ferramentas podem, por meio da educação, aumentar a conscientização e a defesa do paciente.

Queremos que ele possa conhecer, estar mais próximo, entender o ponto de vista dos profissionais bem qualificados e que estes também possam, de certa forma, estar mais comercialmente próximos dos pacientes.

De qualquer maneira, para diminuir o risco, o paciente deve buscar profissionais certificados e verificar no site do Conselho Federal de Medicina (CFM) se aquele profissional é especialista naquilo que está se propondo a fazer. Esse é o básico e, infelizmente, não resguarda o paciente eventuais contratempos.

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Também é importante saber que buscar um bom médico não só diminui as possíveis complicações naturalmente. Para além disso, um profissional habilitado sabe tratá-las: além de prevenir, tem conhecimento suficiente para resolver determinados problemas que possam advir do procedimento.

Assim, o acesso a um profissional responsável e capacitado não só facilita o entendimento do paciente em relação ao procedimento como também facilita soluções quando, eventualmente, ocorre um revés. E é exatamente por isso que precisamos de mudanças quanto à publicidade médica, que deve ser livre e responsável para beneficiar o paciente.

*Daniel Botelho é cirurgião plástico e presidente da Brazilian Association of Plastic Surgeons (BAPS)

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