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José Vicente

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Professor, advogado e militante do movimento negro, ele é o reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares, em São Paulo, instituição pioneira de ensino no Brasil que ajudou a fundar em 2004.
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Mulheres negras finalmente chegam aos conselhos empresariais

Um progresso extraordinário e valioso num país onde os negros continuam apagados e excluídos do ambiente corporativo

Por José Vicente
Atualizado em 13 Maio 2024, 21h10 - Publicado em 14 set 2023, 09h41

Com a chegada da ministra da igualdade racial Anielle Franco ao conselho da Metalúrgica Tupy, o ambiente empresarial brasileiro inicia lentamente o acolhimento da diversidade de raça nos seus órgãos colegiados de direção, apontando o fortalecimento das medidas de combate ao racismo estrutural corporativo. Ao mesmo tempo, ajuda a tornar mais robusta a política de promoção da inclusão e da valorização da diversidade racial e de gênero como um caminho inexorável e assertivo a ser seguido. Tudo feito nos exatos moldes das novas diretivas do CVM – Conselho de Valores Monetários e da B3 – Bolsas de Valores de São Paulo. Os negros ainda representam somente 4% dos administradores e 3% dos integrantes dos conselhos de administração das empresas de capital aberto. Espera-se agora que as mais de 440 companhias ali listadas se movimentem para mudar a situação, incluindo mulheres das comunidades sub- representadas nos seus conselhos administrativos ou diretoria estatutária, ou seja, negros indígenas, deficientes e lbtqia+.
Nessa caminhada ainda há de se enfrentar dificuldades e resistências (esperadas e naturais), mas a energia e convicção com que a B3 convoca seu ecossistema à adesão é bastante significativa. Além de inspirador para os demais setores, o gesto é também motivo de otimismo na efetivação da inédita medida. Principalmente quando junto com o chamamento à mudança a própria B3, em companhia da Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial, o Mover – Movimento Empresas pela equidade racial e em colaboração com o IBGC, entregam no mês de novembro a segunda turma de 35 Conselheiros Negros de elevadíssima capacidade e qualidade.

Voltando à nomeação de Anielle Franco. O currículo e a trajetória de vida dela falam por si só. Nascida nas favelas e conhecedora das periferias, bacharel em jornalismo e em inglês pela Universidade Central de Carolina do Norte e bacharel – licenciada em inglês pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Mestre em relações étnico-raciais (CEFET/RJ) e doutoranda em linguística aplicada (UFRJ) e eleita Mulher do Ano pela revista Time, e ministra da igualdade racial. Seguramente o conselho de administração da Tupy que aprovou Anielle Franco terá um elevado ganho de qualidade na capacidade de decisão da empresa.
Junto com Rachel Maia, conselheira de administração da Vale do Rio Doce e do Banco do Brasil, e Kelly Querino, nova conselheira de administração do Banco do Brasil, e mesmo Tarciana Medeiros, presidente do Banco do Brasil autodeclarada negra, as mulheres negras saem na frente na nova estética dos conselheiros de administração do Brasil.
Um progresso extraordinário e valioso num país onde os negros continuam apagados e excluídos do ambiente corporativo e onde o viés racial empresarial continua determinando quem pode e quem não pode nele entrar. Que as mulheres negras como sempre o fizeram do lado de fora abram as portas empresariais para que todos os talentos negros possam realizar livremente o sonho da realização profissional e espiritual, independentemente da constituição de sua cor e da sua raça.

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