“A esquerda latino-americana tem uma visão profundamente distorcida da realidade, que deixa diante de si um dogmatismo muito fechado. Veja-se o caso da esquerda sobre que está acontecendo hoje na Ucrânia, por exemplo. O senhor [Vladimir] Putin, de forma absolutamente virulenta, ataca um pequeno país e mesmo assim essa esquerda não reage, não condena (…) Não acho que a democracia esteja em crise. Está viva. A invasão russa da Ucrânia serviu, entre outras coisas, para fortalecer extraordinariamente a União Europeia. Minha impressão é que Putin cometeu um erro profundo ao invadir a Ucrânia, independentemente do estado das forças militares à sua disposição. Dá a impressão de que a Ucrânia se tornou extraordinariamente enobrecida diante da invasão e que a invasão não vai significar para as tropas russas aquele ‘passeio’ que Putin havia concebido (…) [Na América Latina] a situação não poderia ser mais trágica. É muito difícil ser otimista diante de uma América Latina paralisada pelas novas ditaduras ou prestes a afundar novamente em um período de ações violentas. É muito difícil ser otimista, o que não significa que você deva parar de lutar.”
(Mario Vargas Llosa, escritor.)