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Resiliência de Bolsonaro é exemplo da força da ultradireita sul-americana

Com Bolsonaro no Brasil, Javier Milei na Argentina e José Antonio Kast no Chile, ultradireita se consolida como força eleitoral relevante na América do Sul

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 27 nov 2021, 12h27 - Publicado em 27 nov 2021, 08h00

É notável a resiliência de Jair Bolsonaro.

O desgoverno na pandemia e o descontrole na economia resultaram em repúdio recorde (60%) à sua atuação e comportamento na presidência nas pesquisas de opinião pública.

Em contrapartida, essas sondagens revelam o que os adversários fingem subestimar: ele conseguiu atravessar a crise dos últimos 23 meses — e prossegue — amparado na fidelidade de um quarto do eleitorado, como certificou o Ipespe em nova rodada divulgada ontem.

Continua a ser o porta-voz mais destacado de um segmento de eleitores insatisfeitos, barulhentos na mídia digital e identificados com a direita, cuja influência cresceu e consolidou rápido na cena política nacional.

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(Fonte: Ipespe/VEJA)
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O desempenho eleitoral de Bolsonaro no Rio é eloquente. Sindicalista informal da base eleitoral policial-militar, o radical de direita passou a se apresentar, também, como um defensor dos excluídos do “sistema” democrático. Explorou o universo de eleitores em desencanto com a política tradicional, mesmo sendo beneficiário em quase três décadas de mandatos, primeiro como vereador, e depois, como deputado federal. Foi além da crítica padrão à marginalização econômica da maioria, com propostas sociais peculiares ao ultraconservadorismo religioso.

Resultado: em 2014 se reelegeu deputado com quase quatro vezes mais votos do que havia obtido na eleição anterior para Câmara — saltou de 1,5% para 6,1% do total. Quatro anos mais tarde, na disputa presidencial, arrebatou 67,9% da votação no Estado.

Acabou pioneiro na América do Sul na ressonância daquilo que pode ser classificado como populismo de ultradireita, cuja figura mais emblemática no continente é o ex-presidente americano Donald Trump, pré-candidato à eleição de 2024 pelo Partido Republicano.

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Bolsonaro já não está só no mapa sul-americano. Na sexta-feira 10 de dezembro, em Buenos Aires, o economista argentino Javier Milei assume uma das 257 cadeiras na Câmara dos Deputados, em Buenos Aires. Milei surpreendeu na eleição do último dia 15, ao sair das urnas com 17% dos votos. Rompeu com a dicotomia de peronistas e liberais predominante no mapa político da Argentina, se tornando a terceira força política na capital.

O economista Javier Milei
Javier Milei, fenômeno eleitoral da ultradireita argentina — (Reprodução/redes sociais/Twitter)

Milei, 51 anos, é um militante da ultradireita com ideias que fluem na direção da agenda anticomunista e antissocialista fomentada por Trump nos EUA, em parte adotada por Bolsonaro. É um teórico da versão mais libertária do capitalismo, do tipo que defende a absoluta desregulamentação das relações de negócios e a emissão privada de moeda. Já está em campanha para a eleição presidencial argentina em 2023.

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Alinha-se, também, ao rico advogado José Antonio Kast, 55 anos, que no fim de semana liderou (com 27,5% dos votos) o primeiro turno da eleição presidencial no Chile. É o favorito no páreo final, em 19 de dezembro.

Kast é um autêntico representante da nova geração da ultradireita chilena. Seus antecessores sustentaram a ditadura (entre 1973 e 1990) do general Augusto Pinochet, cujo legado ele faz questão de defender. Uma de suas propostas é perdoar os policiais e militares condenados por tortura e assassinatos políticos na ditadura que envelheceram na prisão. Outras ideias são resumidas no slogan de campanha “menos impostos, menos governo, pró-vida”.

Com Bolsonaro no Brasil, Milei na Argentina e Kast no Chile, a ultradireita se consolida como força política relevante, resiliente e competitiva na temporada eleitoral sul-americana.

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