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José Casado

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Informação e análise

O agro no alvo

EUA tentam tomar do Brasil parte do bilionário mercado chinês de soja

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 22 ago 2025, 06h00

Empresários do agronegócio vislumbram perdas relevantes no comércio com a China já a partir do próximo ano. Preveem danos significativos, por exemplo, à posição hegemônica do Brasil nas vendas de soja aos chineses, por efeito do acordo em negociação entre os governos de Xi Jinping e Donald Trump.

A China passou a concentrar compras nas fazendas brasileiras nos últimos doze anos, estimulando as exportações dos produtores nacionais a superar as dos concorrentes americanos. O resultado está na criação de mútua dependência: mais de dois terços de toda a soja consumida pelos chineses é vendida pelo Brasil.

A ofensiva comercial de Trump para obrigar a China a aumentar importações dos Estados Unidos impulsiona a disputa por um mercado de grãos de soja no qual o Brasil tem absoluta hegemonia e que, no ano passado, rendeu-lhe 36,5 bilhões de dólares, equivalentes a 197,1 bilhões de reais.

No Itamaraty e nas empresas brasileiras já se reconhece o risco de perder uma parte expressiva dessa receita (até 30%) nos próximos dois anos. Os mais pragmáticos acham que, para Pequim, seria importante manter Brasil e EUA como fornecedores estratégicos, até para reduzir a alta dependência das fazendas brasileiras.

No Palácio do Planalto, porém, há quem veja as coisas de maneira menos pragmática. Dias atrás, Trump usou uma rede social para incentivar o governo chinês a uma “rápida quadruplicação” das importações de soja americana, o que representaria uma volta da China à antiga dependência dos EUA.

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Celso Amorim, assessor de política externa de Lula, enxergou na mensagem de Trump a Xi Jinping uma proclamação hostil, “quase um estado de guerra contra o Brasil”. Sobressaltos constantes em Brasília são sintomáticos da falta de clareza política sobre o que o país quer da China ou mesmo dos Estados Unidos. Não há, também, nitidez sobre a agenda para o não alinhamento nessa guerra econômica entre potências nem sobre como se pretenderia extrair vantagens — e quais seriam — se essa fosse a escolha nacional.

Pequim mantém o roteiro previsto na sua estratégia de expansão da influência na América do Sul, reivindicando certificação como principal rival dos Estados Unidos e reafirmando interesse em manter o Brasil como reserva estratégica e confiável de abastecimento de alimentos e minerais.

A China definiu uma política de investimentos adequada aos seus interesses. Eis três exemplos:

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“EUA tentam tomar do Brasil parte do bilionário mercado chinês de soja”

1) A importadora chinesa, Cofco, está investindo 285 milhões de dólares, ou 1,5 bilhão de reais, na construção de terminal exclusivo para soja no Porto de Santos.

2) O governo chinês analisa, também, investimentos numa ferrovia para escoar os grãos do Cerrado brasileiro pelo superporto, ainda ocioso, que construiu em Chancay, no litoral do Peru;

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3) Estuda, ainda, o uso da hidrovia do Paraná para conexão com portos do Chile.

Para alguns, a fragilidade econômica brasileira exposta nesse choque entre potências deveria ser encarada pelo governo como oportunidade para mudanças estruturais. Uma delas deveria ser o aumento do poder de competição da indústria, onde a produtividade do trabalho está em declínio há cinco anos seguidos (em 2024, a queda foi de 0,8%) — observa o diplomata José Graça Lima numa análise para o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) e a Fundação Konrad Adenauer.

Se é o caso, talvez seja preciso acelerar providências de autoproteção, porque o governo Trump deixou o Brasil praticamente sitiado por um tarifaço (até 50% nas importações), combinado a uma investigação por concorrência “desleal” no comércio e, além disso, mobilizando o Congresso para aprovar uma lei autorizando recursos para agências de espionagem realizarem uma devassa na parceria China-Brasil no comércio agrícola.

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Essa legislação está prevista para ser aprovada até 1º de outubro. Ela obriga a Agência Central de Inteligência (CIA) e a Agência de Segurança Nacional (NSA) a vasculhar a “extensão com que o ditador chinês Xi Jinping participou ou dirigiu interações com a liderança brasileira em relação ao setor agrícola brasileiro; o grau de envolvimento entre o governo chinês e o setor agrícola brasileiro; as intenções estratégicas para investir no setor agrícola brasileiro; o número de autoridades da China ou de propriedade do governo chinês que investiram no setor agrícola do Brasil, incluindo joint ventures com empresas brasileiras; e os impactos decorrentes dos investimentos ou do controle do setor agrícola no Brasil pelo governo chinês”.

O projeto de lei de 280 páginas estabelece prazo de noventa dias para submissão do relatório de espionagem ao Congresso.

Os textos dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de VEJA

Publicado em VEJA de 22 de agosto de 2025, edição nº 2958

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